Entre janeiro e novembro de 2023, 308 pessoas da etnia Yanomami morreram no território, das quais, 52,5% são crianças de até 4 anos. A informação consta no relatório mais recente divulgado pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.
O portal G1 divulgou fotos recentes, tiradas a poucos dias, da situação de desnutrição extrema enfrentada pelos indígenas. Nas imagens, uma criança de 1 ano e 9 meses com um peso de 5,3 kg, equivalente ao peso médio de um bebê de três meses, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em outra foto, uma criança de 4 anos aparece com 6,7 kg, correspondendo ao peso típico de um bebê de cinco meses. Na terceira imagem, um garoto frágil de 11 anos apresenta um peso de apenas 15,4 kg, ligeiramente acima do que seria esperado para uma criança de 2 anos.
Em janeiro de 2023, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou estado de emergência na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, diante de uma grave crise humanitária. A região enfrentava desnutrição infantil, surto de malária e viroses, além da presença persistente do garimpo ilegal, que resultou em centenas de mortes.
O governo mobilizou órgãos federais para prestar socorro imediato, classificando a situação como genocídio. Uma força-tarefa foi criada para expulsar garimpeiros e atender as necessidades dos Yanomami. No entanto, um ano após a declaração de emergência, a situação ainda é crítica, com desnutrição, doenças e mortes persistindo na região.
Recentemente, o presidente Lula expressou insatisfação com as ações tomadas, resultando em uma reunião com representantes do Ministério dos Povos Indígenas e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Diante das críticas, Lula determinou que a presença das Forças Armadas e da Polícia Federal seja permanente na região e anunciou investimentos de R$ 1,2 bilhão para ações estruturantes em 2024.
Falta de coordenação
O governo reconhece a necessidade de uma resposta mais efetiva e, diante de pressões judiciais, como a ordem do Supremo Tribunal Federal para apresentar um plano de proteção aos Yanomami, promete uma nova fase de medidas permanentes. O ministro Rui Costa, da Casa Civil, destaca a presença “permanente” das Forças Armadas e monitoramento na região.
Contudo, a falta de coordenação entre as Forças Armadas e a Funai durante o ano passado gerou dificuldades no atendimento aos indígenas. Episódios de violência, como o ataque de garimpeiros a indígenas Yanomamis e a morte de um agente de saúde, marcaram a desintrusão, evidenciando os desafios enfrentados na região de difícil acesso.
A pressão sobre o governo Lula aumenta, com o procurador da República em Roraima, Alisson Marugal, alertando que a inércia pode resultar em investigações por genocídio do atual governo. O presidente tenta antecipar críticas ao realizar uma reunião para avaliação das ações e definir novas medidas de impacto em 2024..
A Terra Indígena Yanomami permanece sob a ameaça do garimpo ilegal, da desnutrição e de doenças, enquanto a busca por soluções efetivas continua. O governo enfrenta o desafio de transformar suas promessas em ações concretas para garantir a saúde e a segurança dos Yanomami. Do Ver-o-Fato, com informações de G1 e Metrópoles.