Quem participou da 10° edição do Festival Psica, no último domingo, 18, foi surpreendido com a notícia de que a rapper Flora Matos foi vaiada após se incomodar com o volume do som de outro palco, onde a banda paraense Reggaetown tocava simultaneamente. A matéria publicada no portal O Liberal gerou um processo de cancelamento contra a artista, que também ficou surpresa e manifestou repúdio através de suas redes sociais, onde classificou o caso como “fake news”.
A rapper brasiliense fez postagens ironizando a matéria, além de chamar uma das notícias de caluniosa. Fato é que quem esteve no local diz que não houve vaias, mas sim apoio porque os sons dos palcos estariam se misturando, causando incômodo em quem acompanhava o show. Entretanto, o problema foi rapidamente resolvido pela produção do evento, após pedido da artista, o que possibilitou a continuidade da apresentação. Ou seja, a polêmica foi fabricada.
Para piorar o caso, outros portais deram a linha de que a cantora protestou contra a banda Reggaetown, como se não quisesse a banda local se apresentando, gerando ainda mais repúdio de paraenses contra a rapper.
Devido ao processo de cancelamento contra Flora, ocasionado após as publicações, o Festival teve que se pronunciar para reiterar que não compactua com os xingamentos que ela está recebendo nas redes sociais. A artista publicou um vídeo que mostra ela dançando próxima ao público durante a apresentação de uma aparelhagem, após sua apresentação, talvez para demonstrar que não houve problema com os presentes.
A cultura do cancelamento é tóxica para a saúde mental e pode desencadear abandono, desprezo, desconsideração e esquecimento, entre outros distúrbios como ansiedade e até depressão. É preciso ter cuidado.
Veja o nota do festival
“Ocorrido entre os dias 16 e 18 de dezembro, no Espaço Náutico Marine Club, em Belém, o 10º Festival Psica cumpriu um de seus principais objetivos: valorizar a produção musical periférica e preta, sobretudo amazônica. Foram três dias de evento que aconteceram sem grandes intercorrências, fruto do trabalho de um festival que, embora totalmente independente, planejou e priorizou o bem-estar do público e dos artistas presentes. O saldo é muito positivo, inclusive com muitos desses artistas relatando que fizeram seus melhores shows em Belém e comentários positivos do público que nos acompanhou. Como já ocorre há algumas edições no Psica, alguns palcos funcionaram de forma simultânea – o palco Kabana do Gerso, o menor dos quatro palcos do festival, que apresentou principalmente artistas da cena local, teve shows simultâneos nos dois palcos principais, o Guera e o Rio Voador. No último dia de evento, uma rapper que se apresentava no palco Guera interrompeu o show e alegou que o som que vinha do palco Kabana do Gerso estava interferindo na apresentação dela. Em respeito ao público, nossa produção agiu para garantir que o show continuasse e o festival prosseguisse. Lamentamos o transtorno causado ao público e à banda que se apresentava no Kabana do Gerso, que continuou a elogiada apresentação após as reclamações da artista. Reiteramos que o Festival Psica não compactua com xingamentos proferidos à artista que estão ocorrendo nas redes sociais. Por fim, agradecemos ao público que se fez presente ao longo da programação e vibrou com os shows. A 10ª edição do Festival Psica foi um sucesso e já foi dada a largada para o 11º festival, que ocorre nos dias 16 e 17 de dezembro de 2023, com ingressos já à venda”.