Cidades do Ceará e até a capital estão nas mãos do Comando Vermelho, que cobra “taxa do crime” e retalia quem não paga
A cada dia que passa, o Brasil afunda mais no lamaçal de um domínio sombrio imposto por facções criminosas, que agem com uma violência brutal, chantagem descarada e intimidação covarde. Não contentes em aterrorizar a população nas ruas, essas organizações agora estendem seus tentáculos para sufocar até mesmo as empresas que prestam serviços essenciais, como se fossem donas de um país onde a lei é apenas uma lembrança distante.
O caso mais recente vem de Caucaia, no Ceará, onde a ‘GPX Telecom’, uma provedora de internet que por nove anos levou conexão a bairros como Parque Soledade, São Gerardo e Ponte Rio Ceará, jogou a toalha. Em menos de 20 minutos, ataques de vândalos ligados ao crime organizado devastaram tudo o que a empresa construiu com suor e dedicação, forçando-a a encerrar suas operações. É o retrato cruel de um Brasil que, passo a passo, se rende à barbárie.
A nota divulgada nesta semana pela GPX é um grito de desespero misturado com indignação: “Esse triste episódio evidencia a fragilidade da segurança em que vivemos nos dias atuais, onde o trabalho árduo de anos pode ser destruído em questão de minutos”. E como não concordar?
Desde fevereiro, o Ceará vive uma onda de terror promovida pela facção Comando Vermelho, que transformou provedoras de internet em alvos de uma extorsão medieval. A tática é simples e perversa: ou as empresas pagam uma “taxa” aos bandidos para operar, ou sofrem retaliações como cortes de cabos, incêndios de veículos e tiros contra suas sedes.
O resultado? Oito ataques em menos de um mês, cidades como Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante parcialmente desconectadas, e uma população refém de um jogo onde o crime sempre vence.
É revoltante pensar que, em pleno 2025, o Brasil assiste impassível enquanto facções ditam as regras. Em Caridade, uma cidade pequena de 22,5 mil habitantes, 90% dos clientes de internet ficaram a ver navios após os ataques. Em Fortaleza, bairros como Pirambu e Jacarecanga também sentiram o peso da mão criminosa.
E o que dizer da resposta oficial? O governador Elmano de Freitas anunciou a criação de um “grupo especial” para investigar os atos, mas a medida soa como mais uma promessa vazia num país onde a segurança pública virou sinônimo de impotência. Enquanto isso, a Polícia Civil e as empresas nem sequer conseguem estimar quantas pessoas foram afetadas — um sinal claro de que o caos já escapou do controle.
Extorsão e ataques
A GPX Telecom, em sua despedida, agradeceu aos clientes e pediu justiça. Mas que justiça se pode esperar num cenário onde o Comando Vermelho, uma facção nascida no Rio, agora reina soberana no Nordeste, extorquindo empresas como se fossem feudos? O delegado Alisson Gomes, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, admite: os ataques são uma punição às empresas que se recusam a ceder à chantagem.
E assim, o Brasil vai se tornando um lugar onde trabalhar honestamente é um risco, onde o crime não só prospera, mas dita o ritmo da vida.
Criticar é pouco diante de tamanha desgraça. É uma vergonha nacional que o poder público assista a essa escalada sem uma resposta à altura. As facções não estão apenas queimando cabos ou atirando em sedes — estão incinerando o que resta de esperança num país que já não sabe mais quem manda.
A queda da GPX é mais que o fim de uma empresa; é o símbolo de um Brasil que, dia após dia, entrega suas rédeas aos bandidos.