O Ver-o-Fato teve acesso, com exclusividade, a uma carta escrita pelo ex-prefeito de Tucuruí, Arthur Brito, após a denúncia feita na semana passada pelo Ministério Público do Pará contra cinco policiais, empresários e o atual prefeito do município, todos acusados de corrupção ativa e passiva, além de crimes contra a administração pública. O caso denunciado pelo MP envolve investigações sobre o assassinato do então prefeito de Tucuruí, Jones William, em 2017.
Na carta, intitulada “A verdade será revelada, a justiça será feita e Tucuruí viverá dias de paz”, Artur Brito narra o massacre moral e as maquinações políticas que ele e sua família, como a própria mãe, falecida mês passado, sofreram no município, inclusive acusados de envolvimento na morte de Jones. O ex-prefeito faz desabafos e parabeniza o MP por repor a verdade dos fatos.
Segundo Brito, também foi revelado, nas denúncias do Ministério Público, agora apresentadas ao poder judiciário, “o que eu, minha mãe, meus irmãos e nossos advogados sempre disseram: eu e minha mãe, meu irmão Lucas Brito, não matamos Jones Willian, ao contrário, nós éramos e sempre fomos vítimas de um grande sistema criminoso e, como agora foi esclarecido na denúncia, eu também era alvo e deveria ter sido assassinado, pois minha vitória política em Tucuruí, ao lado de Jones, de quem eu era vice-prefeito, atrapalhava os planos de corrupção daqueles que não tem limites para obter o poder”.
Veja abaixo, na íntegra, a carta do ex-prefeito, que também gravou um vídeo, resumindo os dias de angústia e desespero que passou diante das perseguições e intimidações:
“Eu e minha família, especialmente minha mãe, Josenilde Brito, nunca duvidamos que um dia a verdade sobre a morte do Jones Willian seria revelada. Desde a morte dele, um amigo, uma parceiro de jornada política, eu, minha mãe, meus irmãos e aliados políticos começamos a sofrer calúnia, injúria, difamação, linchamento público de nossa imagem e honra.
Nos foram dadas poucas oportunidades pelas autoridades policiais e jurídicas de nos defendermos, mesmo que tenhamos tentado, de todas as formas e com todos os nossos recursos, contribuir para que a verdade fosse investigada. Eu cheguei a ir até Brasília, pedir ajuda ao Conselho Nacional de Justiça, para que o processo que investiga a morte de Jones e nos acusa tivesse andamento.
No entanto, foi da vontade de Deus que este mês alguns fatos que vão marcar minha vida e de minha família para sempre acontecessem. O primeiro, foi a morte da minha mãe, Josenilde Brito, vítima de um câncer ocasionado, entre outras razões, pelo sofrimento emocional, preocupações e pela incansável luta para que a justiça fosse feita, para que os assassinos de Jones fossem descobertos e nós, finalmente, pudéssemos seguir nossas vidas em paz. Mamãe foi presa injustamente, foi humilhada, difamada e passou pelo maior pesadelo que uma pessoa poderia passar: ser acusado de matar alguém por quem tinha afeto.
Mesmo que não tenha permanecido na cadeia, de 2017 até o último dia 13, quando não suportou tanta dor e sofrimento e faleceu, minha mãe foi prisioneira, tanto daqueles que nunca se empenharam em investigar a morte do Jones da forma correta, quanto daqueles que nos acusaram e nos condenaram sem nenhuma prova, nenhum fundamento legal, apenas por fofocas, mentiras, suposições, fake news.
“Fomos vítimas, o plano era me matar”
Também foi revelado, nas denúncias do Ministério Público, agora apresentadas ao poder judiciário, o que eu, minha mãe, meus irmãos e nossos advogados sempre disseram: eu e minha mãe, meu irmão Lucas Brito, não matamos Jones Willian, ao contrário, nós éramos e sempre fomos vítimas de um grande sistema criminoso e, como agora foi esclarecido na denúncia, eu também era alvo e deveria ter sido assassinado, pois minha vitória política em Tucuruí, ao lado de Jones, de quem eu era vice-prefeito, atrapalhava os planos de corrupção daqueles que não tem limites para obter o poder.
Matar Jones, me matar, prender minha mãe para que eu desistisse do cargo, perseguir politicamente meu irmão Lucas Brito enquanto vereador mais votado de Tucuruí, sempre foi adotado como estratégia, pois em Tucuruí, todos sabem da nossa luta política, do nosso sonho de construir um município que seja referência de desenvolvimento social e econômico, que se preocupe de fato com as famílias.
Por fim, não me surpreendeu, ao ler as notícias, que meus adversários políticos tivessem planos de me matar. Afinal, de 2017 para cá eu sofri muitos atentados, um deles durante a visita de grandes autoridades políticas que incluía o governador Helder Barbalho, prefeitos, deputados, vereadores e toda a população testemunhou o crime que quase tirou minha vida, da deputada Elcione Barbalho, que na hora estava ao meu lado e que sempre me apoiou politicamente em minha jornada e mais recentemente quando me candidatei a deputado estadual ao lado dela, que foi eleita deputada federal e teve excelente margem de votos aqui em nosso município de Tucuruí e Região do Lago.
De toda essa experiência, só tenho a agradecer ao Ministério Público por mais essa tentativa de restabelecer a verdade e tenho muita fé que a justiça vai cumprir o seu papel.
Nada trará de volta a alegria da nossa família, nada trará de volta minha querida mãe, que trabalhou duro na vida para que pudéssemos ter o melhor e assim nos dedicarmos a essa luta por uma construção de uma Tucuruí melhor para seu povo, de um Pará mais promissor para nossa gente.
Sinceramente, espero em Deus e nos operadores da justiça que a verdade seja dita, para que, pelo menos a memória de minha mãe seja guardada como a pessoa que, junto com Jones Willian e outras vítimas, deram a vida por Tucuruí e para vê-la a salvo daqueles que não tem um compromisso com nossa gente, mas com seus próprios interesses. Artur de Jesus Brito – Ex-prefeito de Tucuruí“.
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