Após as denúncias de extorsão praticadas por servidores contratados pela Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Pará (Arcon), mas que até o momento não foram apuradas, agora explodiram novas acusações contra funcionários do órgão.
Segundo as novas denúncias, feitas por fontes confiáveis, foi descoberto um esquema de pagamentos de diárias que sangra os cofres públicos para beneficiar um pequeno grupo de apaniguados políticos.
Pelo esquema, apontam as fontes, os protegidos políticos, todos contratados, ganham diárias sem trabalhar e quando recebem o dinheiro do Estado praticam a famigerada “rachadinha” com o chefe.
Mais uma vez surge o nome do diretor de Fiscalização da Arcon, Wildson Araújo de Mello, como líder do esquema, bem como de pessoas da confiança dele como participantes.
“Nada fizeram para disciplinar ou punir os suspeitos de extorsão, pelo contrário, eles foram premiados com diárias. O final de semana passada e esse último. Temos a lista do pessoal da equipe do diretor de Fiscalização, só eles foram contemplados”, afirma uma fonte. O Ver-o-Fato teve acesso à lista dos beneficiados.
“O fato já vem ocorrendo há vários meses. Nesta última vez, eles receberam as diárias, mas não foram para as viagens. Receberam diárias para fazer a “rachadinha” com o Mello, que é protegido por um deputado. Até o Ministério Público está quieto. Aí eles aproveitam para praticarem a extorsões e “rachadinhas”, dispara a fonte.
De acordo com as informações repassadas ao Ver-o-Fato, está um clima pesado dentro da Arcon, desde a publicação das denúncias de extorsão, no final do mês de julho e teria havido até intervenção do governador Helder Barbalho para tentar evitar um escândalo.
“O governador enquadrou o diretor-geral, Eurípedes da Cruz Filho, mandando ele acabar com as extorsões na Diretoria de Fiscalização. Mas o diretor-geral é conivente e tem medo do diretor de Fiscalização, que é indicação de um deputado da base de apoio do governo. Então continuou do mesmo jeito. Esta semana o diretor de Fiscalização nem apareceu na Arcon pra trabalhar. Está em Soure, curtindo”, detalha outra fonte.
Mas não é só isso. Um dos servidores contratados, denunciados por extorsão, foi flagrado dirigindo um veículo oficial da Arcon e parando em frente a uma loja para fazer compras de bebidas alcoólicas. Conforme as fontes, este funcionários também foi “premiado” com diárias para não trabalhar corretamente.
A farra das diárias
Dizem as novas denúncias que alguns funcionários do esquema, cujas identidades não serão divulgadas neste primeiro momento, todos os finais de semana são escolhidos para receberem diárias, mas ficam em casa coçando a orelha. “Depois, quando recebem, dividem com o chefe, que leva a maior parte, claro”.
Um contratado, conforme documento em poder do Ver-o-Fato, seria o coordenador do esquema de “rachadinhas” e faturou em diárias, nos últimos seis meses, o total de R$ 14.954,94,59.
Outro servidor denunciado por extorsão, faturou R$ 13.174,59 em diárias em seis meses. RNS, funcionário que começou a trabalhar em abril deste ano e faz parte do esquema, recebeu em três meses a quantia de R$ 8.783,06 em diárias, mas nunca apareceu pra fiscalizar nada, dizem.
Um outro suspeito de extorsão faturou, em seis meses, o valor de R$ 9.851,27 em diárias.
O Ver-o-Fato tenta falar com dirigentes do órgão público para que eles se manifestem sobre as denúncias de servidores, mas ninguém dá a mínima satisfação. O silêncio na Arcon continua ensurdecedor, um órgão do segundo escalão do governo Helder Barbalho.