Mesmo após o advogado socioambiental Ismael Moraes ter exposto em artigo de grande repercussão em todo o Estado por meio do Ver-o-Fato – veja aqui,https://ver-o-fato.com.br/exclusivo-escandalo-da-imerys-deixa-helder-furioso-e-cabecas-vao-rolar-no-governo/ – a passividade das entranhas da má administração ambiental do Estado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas), descaso que se estende à Procuradoria Geral do Estado (PGE), nada foi feito ou mudou na atitude do governo Helder Barbalho em relação à multinacional Imerys.
E tudo indica que o advogado tem razão. Dias atrás foi registrada a passagem pelo Pará de 10 membros do Conselho de Administração da Imerys, vindos da Bélgica e da França, para encaminhar a negociação do bem mais valioso da empresa no Pará: o porto que a Imerys possui em Barcarena, avaliado em mais de 1 bilhão de reais, em razão do tamanho e da posição geográfica privilegiadíssima.
Um outro grupo europeu também está interessado na compra do porto. E com um detalhe: ele não ficará responsável pelos passivos ambientais, tributários e fiscais da Imerys junto ao governo estadual, dívida de grande importância quando se considera as necessidades do Pará. Uma população que carrega números de pobreza, miséria e analfabetismo semelhantes a de muitos países africanos.
O que se vê, diante dessas negociações feitas nos bastidores empresariais, é o carimbo da total indiferença da Imerys sobre as pendências milionárias que ela tem com o governo do Pará. Dívidas que a francesa vem empurrando com a barriga – e conivência da Semas, onde impera a influência de gente de fora do governo que dá as cartas lá dentro – e seguirá até o momento em que ela vender o porto e sair de mala e cuia pelo aeroporto de Val-de-Cães para nunca mais ninguém saber do paradeiro.
Quando isso ocorrer, como denunciou Ismael Moraes em seu artigo: os paraenses ficarão com o passivo ambiental de centenas de milhões pelo não descomissionamento das minas, cavas e mineroduto da PPSA, fechado ano passado sem qualquer satisfação às autoridades do Estado, que são tratadas com total desdém pela multinacional.
Ela age como se nada devesse ao Pará de incentivos fiscais e pelos danos ambientais de escandalosas proporções provocados por suas atividades.
Passada a gritaria do incêndio de 6 de dezembro passado na planta industrial da mineradora em Barcarena, cujas vítimas tem suas sequelas mantidas abafadas, tudo voltou ao normal para a Imerys na relação com a Semas e a PGE, fazendo de conta que nada está acontecendo.
Não se sabe, afinal, se tamanho descaso com os interesses do Pará ocorre por medo incompreensível de agir ou por algum outro compromisso mantido sob sigilo. Ou, ainda, de transações nada republicanas de agentes encastelados no Estado fiadores da total impunidade da mineradora francesa no Pará.
O Ver-o-Fato tomou conhecimento de que o advogado Ismael Moraes estaria preparando uma ação civil pública contra a Semas, a PGE e o próprio Estado do Pará, por meio de suas pessoas jurídicas e físicas, responsabilizando-os por nada fazerem contra a Imerys.
Tentamos confirmar a suposta iniciativa de Moraes, mas até o fechamento da edição desta matéria ele não havia retornado as ligações e mensagens por aplicativo. O espaço está aberto.