Os
sucessivos governos paraenses dos últimos 35 anos não têm sabido
traduzir em desenvolvimento para todos o resultado da exploração
das riquezas abundantes – porém esgotáveis – que se espalham
por seu território. Grupos privados, nacionais e multinacionais,
como Vale, Alcoa, Hydro, Imerys, Mineração Rio do Norte, além das
gigantes do alumínio, aumentam cada vez mais seus lucros, mas o que
deixam de impostos no Pará? O trem da Vale funciona 24 horas sem
parar, e o que fica por aqui, depois que a montanha de dinheiro é
contabilizada?
sucessivos governos paraenses dos últimos 35 anos não têm sabido
traduzir em desenvolvimento para todos o resultado da exploração
das riquezas abundantes – porém esgotáveis – que se espalham
por seu território. Grupos privados, nacionais e multinacionais,
como Vale, Alcoa, Hydro, Imerys, Mineração Rio do Norte, além das
gigantes do alumínio, aumentam cada vez mais seus lucros, mas o que
deixam de impostos no Pará? O trem da Vale funciona 24 horas sem
parar, e o que fica por aqui, depois que a montanha de dinheiro é
contabilizada?
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Resposta:
quase nada. Ou melhor, ficam as migalhas. E, é claro, os problemas
sociais e ambientais no entorno das jazidas de onde tais riquezas são
extraídas. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, já ouvi
pessoas dizerem que no Pará, em razão das imensas que o Estado
abriga, a vida deve ser muito boa, com fartura de empregos, água,
energia elétrica, boas estradas, madeira e frutas, já que moramos
em terras que abrigam a maior floresta tropical do mundo.
quase nada. Ou melhor, ficam as migalhas. E, é claro, os problemas
sociais e ambientais no entorno das jazidas de onde tais riquezas são
extraídas. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, já ouvi
pessoas dizerem que no Pará, em razão das imensas que o Estado
abriga, a vida deve ser muito boa, com fartura de empregos, água,
energia elétrica, boas estradas, madeira e frutas, já que moramos
em terras que abrigam a maior floresta tropical do mundo.
Só quem
nunca pisou na região é capaz de pensar de maneira tão equivocada.
É certo que, por estarmos sentados sobre tanta riquezas, deveríamos
viver no melhor dos mundos possíveis. A realidade, contudo, é
outra, bem diferente. Os grandes grupos econômico-financeiros que
foram atraídos para o Pará aqui receberam, em troca da geração de
empregos, generosas benesses fiscais. Isenções de ICMS e de outros
impostos, com prazos a perder de vista.
nunca pisou na região é capaz de pensar de maneira tão equivocada.
É certo que, por estarmos sentados sobre tanta riquezas, deveríamos
viver no melhor dos mundos possíveis. A realidade, contudo, é
outra, bem diferente. Os grandes grupos econômico-financeiros que
foram atraídos para o Pará aqui receberam, em troca da geração de
empregos, generosas benesses fiscais. Isenções de ICMS e de outros
impostos, com prazos a perder de vista.
Nossos
governantes, se pensaram que bastariam empregos para fazer a
felicidade geral dos paraenses e dos migrantes que para cá vieram,
apostando que com sua força de trabalho estariam produzindo
desenvolvimento e bem estar, cometeram o grave erro de poupar essas
grandes empresas de dividir com o Estado as responsabilidades pelo
que ocorre nas cidades onde os problemas sociais se acumulam. A Vale,
por exemplo, já disse e repetiu, que ela cuida da exploração dos
minérios. Da saúde, educação, segurança pública e saneamento
deve cuidar o Estado, com suas políticas específicas para cada
setor.
governantes, se pensaram que bastariam empregos para fazer a
felicidade geral dos paraenses e dos migrantes que para cá vieram,
apostando que com sua força de trabalho estariam produzindo
desenvolvimento e bem estar, cometeram o grave erro de poupar essas
grandes empresas de dividir com o Estado as responsabilidades pelo
que ocorre nas cidades onde os problemas sociais se acumulam. A Vale,
por exemplo, já disse e repetiu, que ela cuida da exploração dos
minérios. Da saúde, educação, segurança pública e saneamento
deve cuidar o Estado, com suas políticas específicas para cada
setor.
O recado
dessas empresas é direto. Se o Estado não é capaz de atender às
carências e reivindicações de seu povo, problema do Estado. Ele
que dê seu jeito. Governantes foram eleitos para isso e nos
discursos de campanha eleitoral tais promessas foram atiradas no colo
da população.
dessas empresas é direto. Se o Estado não é capaz de atender às
carências e reivindicações de seu povo, problema do Estado. Ele
que dê seu jeito. Governantes foram eleitos para isso e nos
discursos de campanha eleitoral tais promessas foram atiradas no colo
da população.
Pirotecnia
– Na semana passada, em sua página no Facebook, o governador Simão
Jatene, numa evidente pirotecnia política, declarou que muitas das
principais questões do Estado “tem raízes além das nossas
fronteiras”. Ele quis dizer, com isso, que decisões tomadas pelos
governantes federais, encastelados no Palácio do Planalto, em
Brasília, deixam “marcas graves e por décadas no Pará”. Jatene
se referia ao marco regulatório da mineração, que está para ser
votado em Brasília, no Congresso Nacional.
– Na semana passada, em sua página no Facebook, o governador Simão
Jatene, numa evidente pirotecnia política, declarou que muitas das
principais questões do Estado “tem raízes além das nossas
fronteiras”. Ele quis dizer, com isso, que decisões tomadas pelos
governantes federais, encastelados no Palácio do Planalto, em
Brasília, deixam “marcas graves e por décadas no Pará”. Jatene
se referia ao marco regulatório da mineração, que está para ser
votado em Brasília, no Congresso Nacional.
O
governador defende que sejam fixados na nova legislação “pontos
que contribuam para que a exploração mineral sirva também a
sociedade local e não apenas a União – ajudando a equilibrar as
contas externas – e as empresas, melhorando seus lucros”. Jatene
sabe que o Pará “nem de longe é compensado pela exploração dos
recursos naturais em seu território”. E prega que todos devemos
lutar para transformar os chamados “grandes projetos”,
inclusive minerais, em” vetores de desenvolvimento regional,
reduzindo a pobreza e a desigualdade, contribuindo para o
financiamento de investimentos que não tornem em vão a exaustão de
nossos recursos”.
governador defende que sejam fixados na nova legislação “pontos
que contribuam para que a exploração mineral sirva também a
sociedade local e não apenas a União – ajudando a equilibrar as
contas externas – e as empresas, melhorando seus lucros”. Jatene
sabe que o Pará “nem de longe é compensado pela exploração dos
recursos naturais em seu território”. E prega que todos devemos
lutar para transformar os chamados “grandes projetos”,
inclusive minerais, em” vetores de desenvolvimento regional,
reduzindo a pobreza e a desigualdade, contribuindo para o
financiamento de investimentos que não tornem em vão a exaustão de
nossos recursos”.
Ótimo
discurso, mas vazio na essência. Pergunta-se: por quê o PSDB,
partido do governador, calado estava, calado ficou, quando os
tucanos, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, criou a
famigerada Lei Kandir, que desonerou as exportações minerais,
atingindo o Pará com uma sonora bofetada no rosto? O governo Lula,
os petistas, e Dilma, abraçaram a ideia do PSDB, porque a balança
comercial brasileira é o que importa. Os minérios do Pará ajudam a
salvar o país, em meio ao turbilhão da crise, enquanto nosso
governador chora sobre o leite que seu partido ajudou a derramar.
discurso, mas vazio na essência. Pergunta-se: por quê o PSDB,
partido do governador, calado estava, calado ficou, quando os
tucanos, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, criou a
famigerada Lei Kandir, que desonerou as exportações minerais,
atingindo o Pará com uma sonora bofetada no rosto? O governo Lula,
os petistas, e Dilma, abraçaram a ideia do PSDB, porque a balança
comercial brasileira é o que importa. Os minérios do Pará ajudam a
salvar o país, em meio ao turbilhão da crise, enquanto nosso
governador chora sobre o leite que seu partido ajudou a derramar.
Pobre Pará.
_____________________________Bastidores________________________________
*A Polícia Federal se prepara para deslanchar uma operação
de grande porte entre Marabá e São Félix do Xingu. Peixes graúdos
devem cair nessa rede.
de grande porte entre Marabá e São Félix do Xingu. Peixes graúdos
devem cair nessa rede.
*Engana-se quem pensa que as agendas do prefeitos de Parauapebas
apreendidas pelo Ministério Público, restringiam-se a consultas com
“caboclos” da Umbanda. A coisa vai além, muito além, do que
imagina a vã filosofia da classe política na região.
apreendidas pelo Ministério Público, restringiam-se a consultas com
“caboclos” da Umbanda. A coisa vai além, muito além, do que
imagina a vã filosofia da classe política na região.
*A Vale continua batendo o pé, embora não com tanta força
como antes, na negociação com o governo do Estado, no que diz
respeito à revisão de algumas benesses que sempre recebeu para
explorar os minérios do Pará. Ela ameaçou ir embora do Pará,
dizendo que não iria pagar R$ 1 bilhão que deve.
como antes, na negociação com o governo do Estado, no que diz
respeito à revisão de algumas benesses que sempre recebeu para
explorar os minérios do Pará. Ela ameaçou ir embora do Pará,
dizendo que não iria pagar R$ 1 bilhão que deve.
*Quem conhece os meandros políticos dessa negociação entre a
Vale e o Estado diz que o clima de tensão está esfriando entre as
partes. E mais: a Vale pode ser gulosa por lucros, mas não é burra
de ir embora, abandonando seus projetos. Seria cometer suicídio
econômico ao matar sua galinha de ovos de ouro. Ou de ferro.
Vale e o Estado diz que o clima de tensão está esfriando entre as
partes. E mais: a Vale pode ser gulosa por lucros, mas não é burra
de ir embora, abandonando seus projetos. Seria cometer suicídio
econômico ao matar sua galinha de ovos de ouro. Ou de ferro.
*O procurador de Justiça Nelson Medrado já repassou ao
promotor Hélio Rubens, responsável pelas investigações, um DVD
com revelações bombásticas sobre malfeitos na Câmara Municipal de
Parauapebas durante a gestão do agora afastado vereador Josineto
Feitosa. Até escritórios de advocacia de Belém estão no rolo.
promotor Hélio Rubens, responsável pelas investigações, um DVD
com revelações bombásticas sobre malfeitos na Câmara Municipal de
Parauapebas durante a gestão do agora afastado vereador Josineto
Feitosa. Até escritórios de advocacia de Belém estão no rolo.
*A riqueza passa. O apito do trem,
fica.
fica.
(Da coluna Carlos Mendes, no Correio, o jornal de Carajás)
O minério sai, mas a miséria fica. É preciso mudar isso.
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