O Brasil enfrenta desafios significativos em seu setor agrícola devido ao retorno vigoroso do fenômeno El Niño na América do Sul. Esse fenômeno climático tem histórico de impactar negativamente potências agrícolas, como o Brasil, e está desencadeando chuvas intensas em algumas regiões, enquanto deixa outras extremamente secas. Tais condições climáticas adversas estão causando aumento nos preços de produtos básicos, como arroz e batatas, desafiando as expectativas econômicas e políticas do país.
Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil, enfrentou desafios similares em seu primeiro ano de governo, mas uma safra recorde de grãos proporcionou um alívio temporário. No entanto, a recorrência do El Niño em 2024 ameaça comprometer os planos do Banco Central de continuar os cortes na taxa de juros e as promessas de campanha de Lula de reduzir os preços para os brasileiros.
Os impactos já são visíveis nos preços dos alimentos, especialmente arroz, feijão, frutas e batatas, que aumentaram devido às condições climáticas adversas. A inflação em janeiro é prevista para ser mais elevada do que o inicialmente estimado, e economistas estão revendo para baixo as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024.
Os riscos relacionados ao El Niño são particularmente evidentes na agricultura, um setor vital para a economia brasileira. O aumento dos preços do arroz, por exemplo, está relacionado às inundações causadas por tempestades extremas no sul do Brasil, que afetaram o plantio no principal estado produtor de arroz, o Rio Grande do Sul. A escassez de chuvas nas regiões norte e centro do Brasil também reduziu as projeções para a soja, principal produto agrícola de exportação do país.
Os preços dos grãos podem não subir significativamente, mas muitos agricultores enfrentarão perdas financeiras, e empresas do setor já estão revisando suas previsões para baixo. Esse cenário, aliado às projeções de um possível acréscimo de 0,8 ponto percentual à inflação geral devido ao El Niño, destaca os riscos que eventos climáticos extremos representam para um país tão dependente da agricultura.
Além do Brasil, outros países da América do Sul, como Peru e Colômbia, também enfrentam riscos, especialmente nas áreas de energia hidrelétrica, agricultura e pesca. As condições climáticas extremas ressaltam o crescente risco que eventos climáticos severos representam para economias fortemente dependentes da agricultura, alertando para a necessidade de uma abordagem resiliente diante das mudanças climáticas.