Joaquim Pimenta, presidente da entidade, afirma que, por conta da “mentira da Agropalma”, ele está sofrendo ameaças e repudia a acusação
Em um vídeo distribuído na região e à imprensa, o presidente da Associação dos Ribeirinhos e Quilombolas do Vale do Acará (ARQVA), Joaquim Pimenta, afirmou na tarde hoje que a acusação de invasão feita pela Agropalma, envolvendo o nome da entidade que ele comanda, é “mentirosa, falsa e visa jogar a sociedade paraense contra os quilombolas”.
“A Agropalma publicou uma informação falsa, onerosa e cuja pretensão é criminosa contra a ARQVA. Porém, citando que a ARQVA invadiu propriedades dela com o objetivo de roubar frutos de dendê”, relata Joaquim no vídeo.
O líder quilombola diz ainda: “venho a público desmentir a Agropalma e, em primeiro lugar, a ARQVA não invadiu propriedade de ninguém e nem em nenhum momento aliciou ou compactuou com coisas dessa natureza. Porém, a ARQVA segue firme nos procedimentos judiciais e nos acordos feitos perante o juiz (Vara Agrária de Castanhal) em manter a área sem conflito”.
Segundo ele, o acordo, da parte da entidade, “está sendo cumprido em todos os critérios e requisitos dentro da lei, pois em nenhum momento a ARQVA tem promovido, incitado ou fomentado invasão em nenhuma área que diz respeito à Agropalma”.
Também faz questão de deixar bem claro que, se aconteceu alguma invasão, não foi pelos quilombolas da ARQVA. “O que a Agropalma está fazendo, acusando falsamente a ARQVA perante a sociedade paraense, é jogar a sociedade contra os quilombolas. Meu nome, como presidente da associação, está sendo cogitado em redes sociais e em conversas nas comunidades e mal visto aos olhos de muitas pessoas, inclusive me ameaçando. Isso é o feito da Agropalma”.
Além de dizer que a luta da ARQVA pelo direito à uma área de terras ocupada pela Agropalma, com processos judiciais movidos pelo Ministério Público e Defensoria Pública perante a Vara Agrária, visa garantir o direito à permanência das famílias no local que há anos ocupam, Joaquim Pimenta fez um apelo ao governador Helder Barbalho”.
“Governador, nós estamos às vésperas da COP-30 em Belém, porém, a ARQVA tem contribuído de forma responsável para que todos os atos sejam feitos de forma legal e que as documentações sejam feitas pelos órgãos competentes. Não temos nenhum registro de que tenhamos feito algo anormal ou fora da lei. Então, venho repudiar veementemente, porque o grileiro aqui não são os quilombolas. Os grileiros das terras públicas que a Agropalma ocupa não são os indígenas, nem os ribeirinhos. Os grileiros dessa área invadida e ocupada pela Agropalma é ela mesma, que tem dezenas de milhares de hectares invadidos e com plantações de dendê. Foi a Justiça paraense quem disse isso”.
VEJA ABAIXO O VÍDEO DO PRESIDENTE DA ARQVA:
A acusação da Agropalma
A Agropalma divulgou um texto em sites de Tailândia e Moju e no portal UOL, acusando a associação quilombola “ARQVA e outros agitadores” de invadir terras ocupadas pela empresa e onde estão suas plantações de palma, na sexta-feira, 10. Ela afirmou no texto feito por sua assessoria que a “invasão ilegal” teria sido motivada pela “intenção de roubo sistemático dos frutos de palma para movimentar atividades comerciais ilegais em território nacional”.
Ainda segundo a Agropalma, a ação da ARQVA “descumpre acordo feito perante a Justiça Agrária da região, que reconheceu a posse da Agropalma sobre a área em litígio e determinou que estas pessoas se abstivessem de praticar nova invasão, sob pena de execução do acordo descumprido”.
“Diante do caráter ilegal da ocupação, a Agropalma tomará todas as medidas cabíveis contra os invasores de forma a reintegrar a posse das áreas invadidas, aguardando decisão favorável e a confirmação de que a companhia está em conformidade com a lei”, resume a empresa.