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Marco Antonio das Neves, procurador-geral de Justiça, com Simão Jatene. Juíza mandou o caso para Neves |
O filho do governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), é sócio de
dois postos de gasolina que fornecem combustível para as frotas da
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado. Uma das unidades de Alberto Jatene, conhecido como Beto, é o Auto
Posto Verdão, que foi o que mais vendeu para a PM do Pará entre janeiro
de 2012 e outubro de 2014, somando R$ 5,02 milhões no período.
dois postos de gasolina que fornecem combustível para as frotas da
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado. Uma das unidades de Alberto Jatene, conhecido como Beto, é o Auto
Posto Verdão, que foi o que mais vendeu para a PM do Pará entre janeiro
de 2012 e outubro de 2014, somando R$ 5,02 milhões no período.
Esse número corresponde a 9% do consumo global de combustível da PM paraense em quase três anos, que foi de R$ 55 milhões. Outro posto pertencente ao filho do governador, o Girassol,
arrecadou, a partir de 2013, R$ 52,9 mil com abastecimento de carros da
PM, segundo inquérito civil a que a Folha teve acesso.
arrecadou, a partir de 2013, R$ 52,9 mil com abastecimento de carros da
PM, segundo inquérito civil a que a Folha teve acesso.
Em 2014, durante a disputa pelo governo estadual, o Ministério
Público instaurou inquérito para apurar acusações feitas por adversários
de Jatene que afirmavam que o tucano, então candidato à reeleição,
beneficiava o filho.
Público instaurou inquérito para apurar acusações feitas por adversários
de Jatene que afirmavam que o tucano, então candidato à reeleição,
beneficiava o filho.
O governo afirma, no entanto, que os postos de Beto não prestam
serviço direto para o governo do Pará, já que o abastecimento das frotas
do Estado é gerenciado por uma distribuidora.
serviço direto para o governo do Pará, já que o abastecimento das frotas
do Estado é gerenciado por uma distribuidora.
Apesar do argumento, o promotor de Justiça Militar, Armando Brasil
Teixeira, e o procurador Nelson Pereira Medrado propuseram, em maio
deste ano, uma ação civil pública de improbidade administrativa contra
Jatene e seu filho, além da secretária de Administração do Pará, Alice
Viana.
Teixeira, e o procurador Nelson Pereira Medrado propuseram, em maio
deste ano, uma ação civil pública de improbidade administrativa contra
Jatene e seu filho, além da secretária de Administração do Pará, Alice
Viana.
A peça pede ressarcimento do dano, perda de função pública e suspensão de direitos políticos dos envolvidos. Com base no inquérito, a ação se estende ainda à Distribuidora
Equador de Produtos de Petróleo, a responsável pela venda de combustível
ao governo. O fornecimento é feito com uso de um cartão magnético do governo usado pelo motorista, chamado “Petrocard”.
Equador de Produtos de Petróleo, a responsável pela venda de combustível
ao governo. O fornecimento é feito com uso de um cartão magnético do governo usado pelo motorista, chamado “Petrocard”.
A Secretaria de Administração é a responsável pela licitação, mas
cada área tem um contrato direto com a empresa, fixando o limite
orçamentário para gastos. O governo questiona a legitimidade da ação do Ministério Público sob
alegação de de que não houve aval da Procuradoria-Geral de Justiça
–Jatene tem foro privilegiado. Na última sexta-feira (15), a juíza da 4ª Vara da Fazenda, Katia
Parente, intimou o Ministério Público a remeter a ação ao
procurador-geral.
cada área tem um contrato direto com a empresa, fixando o limite
orçamentário para gastos. O governo questiona a legitimidade da ação do Ministério Público sob
alegação de de que não houve aval da Procuradoria-Geral de Justiça
–Jatene tem foro privilegiado. Na última sexta-feira (15), a juíza da 4ª Vara da Fazenda, Katia
Parente, intimou o Ministério Público a remeter a ação ao
procurador-geral.
CREDENCIADOS
Uma rede de postos credenciados fornece combustível para a frota do
governo do Pará. Segundo o site da Distribuidora Equador, hoje há 217
postos habilitados no Pará, sendo 34 em Belém. A empresa foi vencedora de uma licitação em outubro de 2011. Na época, tinha um posto credenciado a sua rede em todo o Pará.
governo do Pará. Segundo o site da Distribuidora Equador, hoje há 217
postos habilitados no Pará, sendo 34 em Belém. A empresa foi vencedora de uma licitação em outubro de 2011. Na época, tinha um posto credenciado a sua rede em todo o Pará.
Em janeiro de 2012, o Auto Posto Verdão, do filho do governador, foi
credenciado por indicação do governo por ter integrado antiga rede de
fornecedores do Estado. Em janeiro de 2013, o posto Girassol também requereu seu cadastramento. Os valores citados no inquérito se restringem aos carros da PM, mas o sistema gerencia o abastecimento de outros 69 órgãos.
credenciado por indicação do governo por ter integrado antiga rede de
fornecedores do Estado. Em janeiro de 2013, o posto Girassol também requereu seu cadastramento. Os valores citados no inquérito se restringem aos carros da PM, mas o sistema gerencia o abastecimento de outros 69 órgãos.
O governo do Pará paga taxa de administração de quase 3% pelo
“Petrocard”. Antes do governo Jatene, o fornecimento de combustível
ficava a cargo de um sistema que não cobrava taxa. Segundo a ação, houve redução drástica dos gastos da PM após
instauração de inquérito.
“Petrocard”. Antes do governo Jatene, o fornecimento de combustível
ficava a cargo de um sistema que não cobrava taxa. Segundo a ação, houve redução drástica dos gastos da PM após
instauração de inquérito.
“Facilmente se conclui que as investigações
realizadas pelo Ministério Público influenciaram no faturamento dos
estabelecimentos do Sr. Alberto, uma vez que o faturamento encontrava-se
na casa dos milhões e caiu bruscamente”, afirma.
realizadas pelo Ministério Público influenciaram no faturamento dos
estabelecimentos do Sr. Alberto, uma vez que o faturamento encontrava-se
na casa dos milhões e caiu bruscamente”, afirma.
OUTRO LADO
O governador Simão Jatene (PSDB-PA) disse, via assessoria, que “não
existe qualquer irregularidade, privilégio ou direcionamento”. A nota diz que “não há contratação de nenhum posto de combustível
pelo Estado”, já que houve “a contratação de uma empresa responsável
pelo sistema de gerenciamento do abastecimento da frota”.
existe qualquer irregularidade, privilégio ou direcionamento”. A nota diz que “não há contratação de nenhum posto de combustível
pelo Estado”, já que houve “a contratação de uma empresa responsável
pelo sistema de gerenciamento do abastecimento da frota”.
O texto afirma que o processo de licitação cumpriu exigências legais e
que “medidas para sua concretização” foram iniciadas no governo
anterior, do PT.
que “medidas para sua concretização” foram iniciadas no governo
anterior, do PT.
O governador ressalta ainda que “não existe qualquer interferência do
governo do Estado quanto ao credenciamento dos postos aptos a operar o
sistema ‘Petrocard’”. Segundo o governo, a redução de gastos no Auto
Posto Verdão ocorreu porque o comando da PM mudou de lugar.
governo do Estado quanto ao credenciamento dos postos aptos a operar o
sistema ‘Petrocard’”. Segundo o governo, a redução de gastos no Auto
Posto Verdão ocorreu porque o comando da PM mudou de lugar.
O governo questiona a legitimidade do Ministério Público para a
propositura de uma ação sem delegação do procurador-geral do Estado. Beto Jatene chama de “absurdo” o teor da ação. “Nunca participei de
licitação nem como pessoa jurídica e nem como pessoa física.”
propositura de uma ação sem delegação do procurador-geral do Estado. Beto Jatene chama de “absurdo” o teor da ação. “Nunca participei de
licitação nem como pessoa jurídica e nem como pessoa física.”
Ele diz que, para seus postos, é indiferente o abastecimento dos
carros do governo. “Não tenho envolvimento político. Apenas meu pai está
governador”, afirma. A Distribuidora Equador informou que não se manifestaria porque, “até o presente momento, não foi citada nos autos do processo”.
carros do governo. “Não tenho envolvimento político. Apenas meu pai está
governador”, afirma. A Distribuidora Equador informou que não se manifestaria porque, “até o presente momento, não foi citada nos autos do processo”.
Por: Catia Seabra
Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo
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