Trabalhadores da empresa Jari, localizada em Monte Dourado, Distrito de Almeirim, na Região do Baixo Amazonas, oeste do Pará, realizaram uma manifestação nesta segunda-feira (15), na praça central da localidade, protestando pelo atraso do pagamento de seus salários, o que está causando sérios problemas tanto aos funcionários e familiares, quanto à economia local.
Moradores dos municípios amapaenses de Vitória do Jari e Laranjal do Jari, que juntamente com Monte Dourado formam o Vale do Jari, também participaram da manifestação. A prefeita de Almeirim, Maria Lucidalva Bezerra da Carvalho, conhecida como Lúcia do Líder, apoia o movimento, juntamente com o vice-prefeito Karol Souza e alguns vereadores.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Papel e Celulose do Pará e Amapá, Ivanildo Uchôa, a empresa voltou a atrasar os salários e os funcionários já estão há três meses sem receber. “Estamos enfrentando uma crise muito grande aqui no Vale do Jari, porque a empresa não faz os nossos pagamentos há três meses, não deposita o FGTS, não paga as férias e não há nenhuma perspectiva de melhora”, disse ele.
Segundo o sindicalista, por último houve um princípio de incêndio na fábrica, que ficou parada por um período, e agora que já está pronta para operar, a direção da empresa alega não ter recursos financeiros para iniciar as operações.
“A gente não sabe quando vai receber pelo menos um salário para tentar organizar a nossa vida. Tem trabalhadores aqui que já tiveram a energia elétrica cortada. Estamos sem crédito no comércio. É um desespero total e nós sabemos que só uma decisão política pode resolver essa situação. Por isso estamos pedindo apoio aos políticos, porque a maior parte do dinheiro aplicado nessa empresa é do BNDES. Com certeza esse dinheiro foi mal aplicado, houve desvios e outras situações e quem sofre as consequências somos nós”, destacou Ivanildo Uchôa.
A empresa Jari está em recuperação judicial e ainda não houve uma assembleia de credores. “É uma bagunça generalizada aqui, ninguém respeita as leis e nem os direitos dos trabalhadores, está chegando a uma situação insuportável. O nosso principal interesse é no afastamento da direção da empresa ou a criação de uma comissão para fiscalizar os recursos que entram na empresa e o que ela paga, porque a conta não bate, não fecha”, apontou o sindicalista.
Um trabalhador disse que ele e outros colegas já está passando necessidades, porque não têm dinheiro para comprar alimentos e pagar as contas. “Gostaríamos que nossa angústia e nossa dor fosse ouvida por políticos em Belém, pois estamos esquecidos nesta região”, apelou.