Belém amanheceu com intensa movimentação de policiais federais em residências e apartamentos de autoridades do estado, durante operação em conjunto com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A operação não poderia ter nome mais sugestivo (QI), ou Quem Indica.
Segundo a PF, o objetivo é dar cumprimento a 30 mandados de busca e apreensão contra desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) e servidores de diversos órgãos do Executivo Estadual. Ao todo, 112 policiais federais foram mobilizados para cumprir as medidas cautelares expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), assinadas pelo ministro Francisco Falcão. A deflagração da operação contou ainda com a participação de Procuradores da República.
A investigação teve início a partir da análise do material apreendido na Operação Para Bellum, ocorrida em junho de 2020 e que apurou fraudes na compra de respiradores pulmonares pelo Governo do Pará.
Em um dos telefones celulares analisados, apreendido em poder do ex-chefe da Casa Civil da Governadoria do Estado Pará, Parsifal Pontes, foram localizadas mensagens, as quais demonstram que, de um lado, desembargadores do Tribunal de Justiça, valendo-se de seus cargos, patrocinaram, em tese, direta e indiretamente, interesses privados perante a administração pública, ao indicar “apadrinhados” (parentes e amigos) para cargos em comissão em diversos órgãos do Poder Executivo, no governo de Helder Barbalho.
Nas mensagens analisadas também há indicativos de que o ex-chefe da Casa Civil da Governadoria em conjunto com membros da cúpula do governo do Estado, possivelmente, praticaram atos de ofício contra disposição expressa de lei (princípios constitucionais que regem a Administração Pública, destacadamente impessoalidade e moralidade), para satisfazer interesses pessoais, nomeando e/ou mantendo “apadrinhados” (parentes e amigos) indicados por Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Pará para cargos em comissão no Poder Executivo do Estado do Pará.
O nome da operação Q.I. remete à sigla informal “Quem Indica”, em substituição à sigla original “Quociente de Inteligência”, utilizada para expressar a prevalência das referências e indicações baseadas nas relações pessoais e de amizade em detrimento do currículo, conhecimentos formais e habilidades de candidatos postulantes a uma vaga de trabalho, circunstância que fere os princípios da Administração Pública. (Do Ver-o-Fato, com informações da PF)