Josué Costa – jornalista*
O polêmico arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, aquele que diz em defesa própria que um escândalo não dura mais de três dias e assim orienta seus padres ao silêncio, volta a alvoroçar os bastidores da Igreja ao promover uma farra de criação de santuários na arquidiocese.
Das oito paróquias até então elevadas à condição de santuário, algumas delas o pároco mal dá conta das atividades litúrgico-pastorais. A mudança, assim, promovida pelo chefe da Igreja de Belém, é tão somente burocrática, sem qualquer efeito prático.
A atitude deliberada de Dom Alberto, a qual não agrada nem os gregos nem os troianos, explica a sacra oposição, é uma implicação, na verdade, à congregação dos padres barnabitas, administradores da Basílica-santuário Nossa Senhora de Nazaré, templo que sempre encheu os olhos do prelado. O sonho do arcebispo é ver, um dia, a paróquia de Nossa Senhora de Nazaré na administração dos padres diocesanos. Amor platônico. Só pode. Pelo menos para quem está à porta da aposentadoria compulsória.
Se em Aparecida do Norte há uma convivência harmônica entre o arcebispo daquela arquidiocese, Dom Orlando Brandes, e os padres redentoristas, administradores do Santuário de Aparecida, o mesmo, infelizmente, não se pode dizer daqui. Há, sim, uma tensão velada de relacionamento entre Dom Alberto Taveira, padres barnabitas e membros da diretoria da Festa de Nazaré.
O problema da Igreja de Belém continua sendo a falta de relação democrática entre Dom Alberto e seus comandados. A Igreja local é oligárquica. Dom Alberto aparece no cenário como um monarca cujos súditos obedecem mais por temor e respeito do que por amor. Maquiavel explica. O projeto de criação de santuários, por exemplo, deveria, minimamente, passar por uma discussão no Conselho Presbiteral e/ou no Conselho dos Vigários Episcopais. Mas, nem num, nem noutro. As decisões administrativas na Arquidiocese de Belém são tomadas à revelia dos órgãos consultivos. Essa é a queixa.
A verdade é que padres e paroquianos ainda não degustaram como bom prato essa farra de criação de santuários. A Paróquia do Perpétuo Socorro, no Telégrafo, é uma das poucas que respira ares de santuário: fluxo constante dos devotos da padroeira, entre outras demandas próprias de um santuário, com um atendimento razoável dos padres redentoristas, administradores daquele templo. Essa, sim, tem apelo incontestável para ser elevada ao status de santuário. Porque não o é cabe a Dom Alberto responder. Ou só Deus sabe.
Num contraponto à condição negada à Paróquia do Perpétuo Socorro, vale lembrar que dos “santuários” criados pelo arcebispo, alguns mal abrem as portas para a Santa Missa. E olhe lá.
- Josué Costa é jornalista, advogado e professor de filosofia. Ex-seminarista, ocupou o cargo de redator-chefe do jornal Voz de Nazaré, assessor de Imprensa da Arquidiocese de Belém e secretário particular de dom Carlos Verzeletti, hoje bispo da Diocese de Castanhal.