A Polícia Civil do Pará, mesmo mobilizando dezenas de agentes das forças de segurança e a especializada em homicídios, não conseguiu desvendar o desaparecimento da garotinha Elisa Ladeira Rodrigues, de dois anos, ocorrido há 10 dias, na comunidade do Zinco, zona rural de Anajás, no arquipélago do Marajó.
Agora, a PC complicou ainda mais o caso, ao se ver às voltas com a morte considerada altamente suspeita do jovem apontado como suspeito de ter cometido o crime, Renan Braga, dentro das dependências da Delegacia da Marambaia, em Belém, tanto que uma outra investigação foi aberta para apurar as circunstâncias da morte do rapaz.
A ação da polícia nas investigações é vista por observadores como desastrada, porque até agora nada esclareceu sobre o sumiço da garotinha e ainda tem que esclarecer as dúvidas sobre a morte do suspeito.
O pai de Renan Braga gravou um vídeo (veja no final desta matéria), afirmando que o filho morreu inocente, alegando que não havia provas contra ele e que a polícia se baseou em denúncias falsas de familiares da menina e de outras pessoas da comunidade.
Conhecido como seu “Miroca”, o pai de Renan Braga se mostrava revoltado com a morte do filho e prometeu levar o caso adiante para provar a inocência do jovem, que, segundo ele, foi acusado injustamente.
“Meu filho era tão novo, tão criança, tão jovem e perdeu a vida por tremendas covardias, por tremendas falsidades, por acusações em vão. Foi uma injustiça o que fizeram com o meu filho”, disse ele no vídeo, salientando que Renan passou por vários exames, mas nenhum constatou o contado dele com a criança desaparecida.
Investigação sigilosa
O advogado do jovem morto, Adaian Lima, também declarou que o rapaz afirmava ser inocente das acusações, mas que devido o sigilo imposto pela Justiça, ele não divulgou mais detalhes revelados a ele pelo seu cliente, com quem conseguiu conversar por bastante tempo antes dele ser encontrado morto na Delegacia da Marambaia, na segunda-feira (25).
As investigações ocorrem sob sigilo em razão de se tratar do desaparecimento de uma criança, protegida pelo estatuto da Criança e do Adolescente.
O laudo cadavérico, já requisitado, deve esclarecer a morte de Renan Braga. Agora, estão em andamento duas investigações que devem também ficar a cargo do Ministério Público: o sumiço da menina e a morte do suspeito.
Prisão, fuga e morte na delegacia
Renan Braga foi apontado como suspeito do desaparecimento da criança juntamente com outro homem, que depois foi liberado pela polícia. Interrogado, o rapaz levou os policiais para tentar fazer uma reconstituição do caso, mas fugiu algemado por dentro da mata.
Dois dias depois da fuga, o advogado dele entrou em contato com a promotor de Justiça de Anajás, Harrison Bezerra, comunicando que o procurado desejava se entregar. Com isso, foi montada uma força-tarefa (Ministério Público do Estado, Polícia Civil, CPR 12 – Breves, BOPE, Bombeiros Militar, e Grupamento Fluvial). Harrison Bezerra e demais integrantes se dirigiram à Vila Carmelo, onde o suspeito foi apresentado às autoridades.
Ele foi levado para Breves e de lá veio para a capital escoltado de avião. Já sob custódia do Estado, o rapaz foi encontrado morto numa cela na Central de Triagem da Marambaia, em Belém, por volta de 1h30 da madrugada de segunda-feira.
Segundo o advogado dele, após se entregar na sexta-feira, Renan estava debilitado e passou a tarde e a noite tomando soro na escola que serviu de base para as forças de segurança na comunidade do Zinco.
Na manhã seguinte, sábado, ele foi levado para Breves e logo pegou um avião para Belém, acompanhado de equipe policial e do promotor Harrison Bezerra, onde chegou às 18h na Delegacia de Homicídios e falou com o seu advogado.
Desmaio e morte na delegacia
Por volta de 1h30 da madrugada do domingo, Renan foi levado para a Marambaia e entregue à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). No domingo, ele passou por audiência de custódia, por volta das 16 horas, e disse que estava bem, porém sentindo náuseas, dores e com dificuldade para comer.
Logo depois, ele teve um desmaio registrado pelas câmeras que filmavam a audiência. Segundo o advogado, o suspeito foi encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento na Marambaia e liberado pelo médico por volta das 18 horas. Na madrugada de segunda, ele morreu.
Moradores de Anajás, diante de tantas incertezas do caso, anunciaram uma manifestação para esta quarta-feira (27) para cobrar reforço nas buscas, encontro da menina e prisão dos envolvidos.
A concentração para o ato começará às 8h30 na Praça Alcides Pinheiro. No convite, os organizadores pedem que os moradores “tragam seus cartazes, apitos e sua voz, pois juntos faremos a diferença. Vamos caminhar juntos pela paz em nosso município e pela verdade no caso Elisa”. Do Ver-o-Fato com informações do Notícias Marajó
Veja o vídeo do pai do rapaz: