Em nota enviada ao Ver-o-Fato, a empresa de dendê, Agropalma, contesta acusações de pescadores do Rio Acará e apresenta sua versão das denúncias desses pescadores e ribeirinhos publicadas por este portal de notícias no último sábado, 30. Na nota, ela também ataca o Ver-o-Fato (veja nossa resposta, no final da nota). Leia a íntegra da manifestação da empresa:
“Mais uma vez, o Ver-O-Fato falta com a verdade na publicação de reportagem sobre a Agropalma. A matéria publicada no último sábado, dia 29, cita uma ação violenta que jamais existiu. Ao contrário do que a prática de um bom jornalista exige, o veículo não procurou a empresa para saber o outro lado da história. Mostra, claramente, o favorecimento a uma única versão.
Sendo assim, a Agropalma vem esclarecer os fatos e solicita que eles sejam devidamente incluídos na reportagem publicada. A empresa foi vítima de uma nova invasão de terras em uma de suas áreas de preservação permanente (APP) no Pará, neste fim de semana. Os invasores estavam dentro da Fazenda do Trevo, no município de Acará. Eles aproveitaram o período da troca de vigias para adentrar ao terreno, se passando por pescadores.
Foi por meio de uma denúncia anônima que a Agropalma chegou ao local e encontrou pessoas não autorizadas montando acompanhamento. Os invasores foram retirados da propriedade da Agropalma, sem qualquer tipo de violência, de forma pacífica. Novamente, sem violência. Jamais, a Agropalma usou de força com qualquer pessoa que fosse em suas terras ou às margens do rio, como cita o texto.
Vale ressaltar que, dias antes, em outro local, a Agropalma identificou demarcações de terras em suas áreas, sinais do desenho de uma estratégia de invasão, além de destruição de vegetação nativa. Todas as marcações foram desfeitas a tempo pela empresa.
A Agropalma sempre trabalhou em prol da conservação de suas áreas, assim como na preservação florestal em suas terras, contribuindo com o desenvolvimento do Estado do Pará. Somos uma empresa que preza pela ética e transparência, por isso, estamos abertos ao diálogo. Estamos à disposição de Ver-O-Fato para esclarecer quaisquer dúvidas, mas não compactuamos com a disseminação de inveracidade dos fatos. Agropalma.”
Resposta do Ver-o-Fato
Como se vê, a Agropalma tenta desqualificar a matéria por nós publicada no sábado, 30 – matéria, aliás, baseada em fonte, como a Associação dos Quilombolas, Pescadores e Ribeirinhos, na pessoa de seu presidente, Joaquim Pimenta -, apresentando sua versão do ocorrido, além de anexar fotografias de suposta invasão das terras.
Terras, aliás, que não pertencem à empresa, como já exaustivamente denunciado à Justiça pelo Ministério Público, que obteve decisões favoráveis, bloqueando e depois cancelando dezenas de milhares de hectares, dos 106 mil que a Agropalma diz a ela pertencer.
O Ver-o-Fato não inventa fatos nem constrói narrativas, publica manifestações do MP, decisões judiciais e acolhe denúncias das comunidades do Acará e Tailândia, que constantemente apontam um “clima de terror” implantado pela empresa naquela conflagrada região onde ela não é dona de nada, detém a posse, mas não é proprietária das terras.
Aliás, é acusada pelo MP de grilagem e também responde a uma ação penal na Justiça Federal por corrupção e falsificação de documentos públicos.