O pesquisador Rony Vernet foi uma das atrações do I Congresso de Ufologia de Belém, no sábado passado, no Sesc Ver-o-Peso. A palestra dele, sobre ataques de luzes a tribos indígenas do Acre, na fronteira com o Peru, atraiu a atenção da platéia do começo ao fim. Ele mostrou fotos, vídeos e gráficos dos ataques e do pedido de esclarecimentos que fez sobre o estranho episódio à Fundação Nacional do Índio (Funai).
Até o Ministério Público federal (MPF) se interessou pela história e abriu investigação. Para obter resposta da Funai, porém, Rony Vernet teve que recorrer à Lei de Acesso à Informação, porque ninguém do governo quis se manifestar.
O que mais impressiona nesses relatos dos ataques, ocorridos entre 2008 e 2014, é a semelhança com narrativas de vítimas atingidas por raios luminosos no Maranhão e no Pará, entre 1977 e 1978, que provocaram a intervenção das Forças Armadas no episódio que ficou conhecido por Operação Prato.
A Funai foi obrigada a admitir que os ataques eram reais. Os documentos obtidos pelo pesquisador mostram que um Objeto voador Não Identificado (OVNI) atacou a tribo indígena Apiwtxa, da etnia Ashaninka. Um vídeo com as imagens de um dos objetos está em poder da Polícia Federal.
Vernet contou que as aparições começaram em 2008,. Depois, continuaram no Brasil já em 2014. As fotos das aparições foram batidas por uma estudante de doutorado em antropologia no dia 30 de julho de 2014 na aldeia Apiwtxa e nelas aparecem um objeto de forma esférica com espécies de “bocas” das quais saem luzes vermelhas e verdes piscantes. Outras imagens revelam o mesmo objeto, em outro momento, com brilho intenso e circundado por uma luz branca.
Para Vernet, a descrição das luzes se parece com relatos de moradores de Colares durante os ataques à ilha paraense. ”Há uma grande semelhança entre esses casos e isso chamou a minha atenção”, explicou. As fotos são integrantes do vídeo em que o objeto sobrevoa a aldeia indígena.
Assustados, os indígenas pegaram suas espingardas e deram tiros para o alto, tentando atingir o aparelho. A reação dos índios aconteceu depois que um deles foi atingido por uma descarga elétrica, proveniente do objeto, desferida contra ele. A denúncia à Funai do ataque do espaço foi feita por Benky Piyanko Ashaninka, da aldeia Apiwtxa, no município de Cruzeiro do Sul, no Acre. Ele conhece muito bem artefatos tecnológicos, o que torna sua denúncia de luzes pairando sobre a aldeia mais confiável.
O mais interessante é que o próprio governo do Peru reconhece o aparecimento das luzes e os ataques na fronteira com o Brasil. Em abril de 2008, o Escritório de Investigação de Fenômenos Aéreos Anômalos (OIFAA), ligado à Força Aérea daquele país, recebeu denúncia de que uma cidade inteira, o povoado de San Juan, estava assustada com a presença de estranhas luzes que voavam durante a noite disparando feixes de luz nos colonos e estariam relacionadas com a tentativa de sequestro de pessoas. A população estava com medo e evitava sair à noite. Também foram feitas imagens dos objetos.
Se no Peru a população ficou amedrontada, no Brasil os índios estavam aterrorizados já que relataram casos macabros associados a um tipo de animal que os nativos chamam de “pelacara”, que seria uma versão do chupa-cabras na região, nos quais corpos humanos são encontrados sem as vísceras. Para a polícia, isso pode estar ligado ao tráfico de órgãos, para os nativos está ligado às luzes. Vernet, que é engenheiro eletrônico, mostrou outros relatos.
Grávida atingida por foco perde filho
Em agosto de 2014, o índio Shariwanko Ashaninka estava pescando na praia quando por volta das 18 horas avistou uma esfera luminescente no horizonte, que pareceria uma estrela. Cerca de 1 hora depois, o objeto retorno, dessa vez voando mais baixo, a cerca de 5 metros do solo. Como estava próximo, o índio conseguiu observar não somente a luz como também a forma do objeto. Seria do tamanho de um automóvel, mas em formato de uma caixa d’água de 3 mil litros e nele caberiam seis pessoas.
Segundo Shariwanko, o objeto teria disparado feixes coloridos, porém não soube descrever quais as cores. Após o ocorrido, retornou à mata onde permaneceu até o amanhecer. Não quis voltar para casa por estar assustado. Ao ser solicitado a desenhar o objeto, recusou-se, alegando não saber desenhar. Afirmou também que tem visto o tal objeto constantemente, embora em somente uma das oportunidades o mesmo teria descido.
Outro depoimento foi da indígena Txeshika Piyâko. todo o depoimento dela foi traduzido pelo sr. Isaac, um dos líderes da aldeia visto que, segundo os locais, a declarante até entende algumas palavras em português, mas só fala a língua nativa. Txeshika relatou que no momento da visão estava se preparando para dormir, juntamente com seus familiares, e ficou muito assustada, pois ouviu dizer que esse “bicho” mata as pessoas.
De acordo com Txeshika, na segunda passagem, o objeto passou bem mais baixo e jogou uma luz forte em suas costas, que ela afirma ter ficado tonta no momento, não conseguindo mais ficar em pé. Txeshika afirma que estaria grávida e ter perdido a criança no dia seguinte. Ela acredita ter sofrido o aborto em razão do susto e não em decorrência dos efeitos da luz.
Mais um depoimento. Matheus Couto, em 29 de julho de 2014, declarou ter visto o objeto às 18h30, quando estava no orelhão da aldeia, Segundo Matheus, tratava-se de uma esfera luminosa movendo rapidamente a partir da direção oeste para leste. Afirmou que o objeto era da cor branca e parecia possuir uma outra esfera menor acoplada a ela, na cor verde. Relatou que esta foi a única vez em que avistou o tal objeto; que não sabe do que se trata e achou muito estranho o fato.
Disse ainda que o objeto desapareceu em seguida e não foi mais visto por ele em outros horários; que o objeto atingiu altitudes mais baixas e que não observou nenhuma forma geométrica atrás da luminosidade; que o objeto não lançou nenhum foco de luz sobre as pessoas ou casas e que o objeto não se confunde com um satélite pois o movimento e caminho percorrido por esse são característicos.
À espera de respostas do governo federal
O jornalista Carlos Mendes fez uma palestra em que, durante uma hora e 10 minutos, começou perguntando onde estavam os extraterrestres, expondo teorias que questionam as aparições de seres do espaço no planeta Terra. Falou sobre o paradoxo de Enrico Fermi. que em 1950 já perguntava: “se o universo está cheio de vida e inteligência, onde está todo mundo, por que não fazemos contato?”. O paradoxo de Fermi aborda o aparente conflito entre as altas probabilidades de existirem civilizações extraterrestres inteligentes e a falta de evidência que possuímos sobre elas. Isso foi há 70 anos.
Foi talvez pensando nisso que outro físico teórico, Francis Drake, desenvolveu no começo dos anos 60 uma equação matemática na qual mensurou o número
de civilizações extraterrestres supostamente em atividade e capazes de estabelecer comunicação na nossa galáxia, a Via Láctea.
A chamada de Equação de Drake, propunha oito formulações: 1 – O número de civilizações na Via Láctea com as quais a comunicação pode ser possível, via emissões eletromagnéticas; 2 – A taxa média de formação de estrelas na galáxia; 3 – A fração dessas estrelas que têm planetas; 4 – O número de planetas, por sistema solar, com um ambiente adequado para a vida; 5 – A fração de planetas adequados em que a vida realmente aparece; 6 – A fração de vida que leva planetas em que a vida inteligente emerge; 7 – A fração de civilizações que desenvolvem uma tecnologia que produz sinais detectáveis de sua existência no espaço; 8 – O tempo médio de tempo que tais civilizações produzem tais sinais (medida em anos).
Sobre o fenômeno por ele investigado como repórter no Pará, entre 1977 en 1978 – as aparições que assustaram populações do nordeste do estado, incluindo ataques sobre pessoas e extração de sangue ou energia delas -, Mendes disse que havia várias teorias, algumas radicalmente céticas sobre o ocorrido, enquanto outras absolutamente crentes sobre sua veracidade.
Dentre essas explicações figuram: experiências militares com novas máquinas de guerra e espionagem entre as grandes potências do mundo, durante a Guerra Fria entre Estados Unidos e a antiga União Soviética; anomalias eletromagnéticas, satélites, quedas de meteoritos, sondas meteorológicas, relâmpagos globulares, a origem extraterrestre e coleta de material genético para criação de seres híbridos – mistura de humanos com ETs -, histeria em massa e alterações do comportamento humano, além de fenômeno inexplicável e até hoje carente de estudo aprofundado.
Segundo o jornalista, ele preferia ficar com a última hipótese, afirmando que a porta para novas explicações continuava aberta, buscando a verdade sobre o que ocorreu no Pará naquela época em que estávamos sob um regime militar e “dura censura à imprensa e aos jornais de Belém, que eram vigiados e advertidos sobre as publicações a respeito do fenômeno”.
Ele disse também que Belém precisa promover mais eventos dessa natureza para que as pessoas, inclusive nossos pesquisadores, possam expor seus estudos e falar sobre os mistérios da floresta e do espaço, de seus povos, teorias, ceticismos e crenças. “No estado onde ocorreu o fenômeno ufológico apontado como o maior do mundo por especialistas, não debater isso em nossa própria terra é um grande desperdício”, resumiu.