Os servidores da prefeitura de Abaetetuba estão perplexos, apreensivos e revoltados com o ocorrido na gestão da prefeita Francineti Carvalho, do PSDB, após a descoberta do desvio de R$ 12 milhões da contribuição previdenciária que era descontada, mas não repassada ao Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). O escândalo vinha sendo investigado desde 2008 e agora explodiu como um tumor na gestão pública do município. A cidade está agitada e os servidores querem saber onde foi parar o dinheiro e quem dele se beneficiou.
O caso também agita os arraias do PSDB paraense, onde a prefeita é tida e havida como uma figura de proa, reeleita em Abaetetuba por ter feito boa gestão, principalmente nas áreas de educação e saúde, segundo se diz dentro das hostes tucanas. A operação policial, ontem realizada pela Delegacia de Repressão a Defraudações Públicas, não apenas no prédio da prefeitura, como nas secretarias de Administração, Finanças, no Instituto de Previdência do Município, assim como nas residências de envolvidos, inclusive em Belém, caiu como uma bomba em Abaetetuba.
A página da prefeitura, para se ter uma ideia da repercussão, amanheceu fora do ar, hoje. Não se consegue obter nenhuma informação, embora fontes do blog Ver-o-Fato no município tenham informado que secretários municipais estariam reunidos com a prefeita para cobrar explicações sobre como a apropriação indébita de R$ 12 milhões ocorreu e quais são os responsáveis pelo crime. Cerca de R$ 40 mil também teriam sido desviados da contribuição que deveria ser repassada pela Câmara Municipal ao INSS, de acordo com informações da polícia.
Enquanto a prefeita não esclarecer os fatos e dizer que providências tomou para afastar os envolvidos, que continuam atuando como se nada tivesse acontecido, a boataria continuará correndo solta em Abaeté. O blog Ver-o-Fato sabe os nomes de alguns envolvidos, mas ainda está fazendo checagem – por isso ainda não divulga – para não cometer leviandade e nem injustiça contra ninguém. A polícia já tem a relação dos envolvidos, mas avisa que não irá fornecê-la à imprensa, alegando que, se o fizer, ” atrapalhará as investigações”.
Por telefone, o blog ouviu algumas pessoas da cidade. A maioria pediu para não ser identificada, temendo represálias. “A corrupção aqui estava abafada e agora já sabemos que tudo não ia tão bem assim como a prefeita Francineti dizia pela cidade”, declarou Francisco Dias. Ele acrescenta que era para a polícia ter prendido “um monte de gente”, que segundo ressalta “vive arrotando honestidade” em Abaeté.
Pressões? “Fiquei enojada e quero saber se o nosso dinheiro descontado foi para o bolso de bandidos que aqui ostentam uma vida de rico, com carro do ano, casa de luxo e sítios”, disse uma servidora da prefeitura. Outro servidor questiona que se a polícia sabia dos desvios desde 2008, é estranho somente agora, sete anos depois, ter aparecido no município, não para prender ninguém, apenas para apreender computadores e papéis.
Paulo Oliveira, pequeno comerciante, acredita que a demora da polícia permitiu que alguns envolvidos tenham “destruído provas” que poderiam comprometê-los. Para ele, o caso “não vai dar em nada”, porque envolve gente do PSDB. Fernandes sugere que o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal assumam as investigações, porque o dinheiro desviado iria para os cofres da União. Fernandes é descrente sobre o sucesso das investigações conduzidas pela Polícia Civil, enfatizando que ela sofrerá “pressão lá de cima para abafar”.
Discussion about this post