O caso envolvendo a morte de José Antônio da Silva, um idoso de 73 anos, em sua residência na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, centro de Altamira, no sudoeste do Pará, tem levantado questionamentos sobre a condução das investigações. A família, especialmente os filhos da vítima, acredita que ainda há muitas lacunas que precisam ser preenchidas para elucidar o ocorrido, incluindo a revisão de evidências como as imagens de câmeras de segurança da residência, que não foram anexadas ao inquérito policial.
José Antônio foi encontrado nu no quintal de sua casa e sujo de sangue, no dia 6 de abril de 2024, com sinais de lesões na cabeça e olhos roxos. Ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, posteriormente, transferido para o hospital regional, onde veio a óbito seis dias depois.
De acordo com o laudo técnico assinado pelo perito Lennon Valle Araujo, a análise do local do crime foi prejudicada pela falta de isolamento da cena e por intervenções realizadas antes da chegada da equipe oficial, como o uso de pó químico que comprometeu vestígios de DNA. Mesmo assim, o luminol detectou vestígios de sangue humano na área de serviço do imóvel.
O laudo também apontou manchas de sangue em forma de gotejamento no quintal e sacos de fibra que a vítima supostamente utilizava para guardar dinheiro. No entanto, não foi possível, até agora determinar se o caso se tratou de homicídio, suicídio ou acidente. O documento recomendou que outros meios de prova, como depoimentos, imagens e exames complementares, fossem utilizados para esclarecer os fatos.
Fortuna e mistérios
José Antônio era um reconhecido empresário local, dono de diversos imóveis e de uma fortuna estimada em mais de R$ 5 milhões, segundo seu filho Joel de Oliveira Silva. Apesar disso, levava uma vida simples, andando de bicicleta e frequentando restaurantes modestos. Ele foi um dos pioneiros do comércio de calçados em Altamira, sendo proprietário da antiga loja Bem Calçados.
Joel, que reside em Alagoas, relatou ao Ver-o-Fato não ter sido informado diretamente sobre a morte do pai. “Soube através de um primo, Alex. Minha madrasta, esposa do meu pai, omitiu os fatos. Ela mandou um áudio para o meu primo, mas claramente não contou a situação real. Nós queremos respostas”, declarou. Ele também destacou a existência de câmeras de segurança na residência e pediu que o Ministério Público investigue por que essas imagens não foram incluídas no inquérito policial.
Depoimentos contraditórios
No dia 12 de abril, Lucineia Jerônimo Nascimento, cunhada da vítima, relatou à polícia que José Antônio foi encontrado desacordado em seu quarto, sujo de sangue, após um possível roubo em sua residência. Segundo ela, os criminosos teriam levado objetos de valor e as chaves dos veículos do empresário, que estavam na garagem. Não havia sinais de arrombamento, e a casa é localizada em frente ao Ministério Público e à Delegacia Civil.
Por outro lado, o filho Joel questiona a veracidade dos fatos apresentados. Ele afirma que os depoimentos apresentam lacunas, como a falta de esclarecimento sobre quem estava presente na residência no momento do ocorrido e por que as câmeras de segurança não foram requisitadas. “A situação é muito estranha. Meu pai era uma pessoa conhecida e respeitada. Esse caso não pode ser arquivado sem respostas claras”, afirmou.
Dúvidas e apelos
A família Silva solicita que as investigações sejam aprofundadas. Há dúvidas sobre a dinâmica dos fatos, a possível participação de terceiros e os motivos pelos quais o monitoramento por câmeras não foi incluído no inquérito. A cunhada da vítima mencionou a possibilidade de roubo, mas o perito não conseguiu determinar a dinâmica exata dos eventos.
Os filhos também apelam ao promotor de justiça de Altamira para que intervenha no caso, garantindo que as provas sejam devidamente analisadas e que os culpados, caso existam, sejam responsabilizados. “Meu pai merece justiça. Esse caso não pode ser tratado com negligência”, concluiu Joel.