O concurso público da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), poderia ser para a candidata Israele Francisca Nonata dos Santos, de 23 anos, uma grande oportunidade profissional, mas se tornou um pesadelo. Através de denúncia, ela afirma ter sido retirada da sala onde faria a prova, junta ao filho recém-nascido.
O concurso havia sido adiado, não sendo realizado na primeira data programada, data em que Israele ainda estava grávida e não teria problemas para realizar a prova, ocorrida neste último domingo, 28.
Com formação em técnico de enfermagem, a jovem iria prestar o concurso pelas garantias que uma efetivação pode dar. O filho de Israeli nasceu de forma prematura, ou seja, antes do previsto. Por conta disso, ela não solicitou um acompanhante no momento da inscrição, quando ainda estava grávida.
“Chegamos na escola e no corredor fomos abordados por uma senhora se passou dizendo ser fiscal. Ela perguntou se na hora da inscrição eu pedi um acompanhante para o meu bebê, só que eu expliquei para ela que ele nasceu prematuro e foi uma surpresa para a gente. Então, não pedi”, conta a jovem.
Após isso, conta que a fiscal disse que ela poderia ir procurar a sala na qual estava lotada para realizar a prova. Ao chegar a sala, entregou os documentos e realizou todos os protocolos necessários.
“Entrei e sentei. Dez minutos dois veio uma coordenadora pedindo que eu pegasse meu celular e ligasse para alguém que pudesse ficar com a criança, porque ela iria me colocar em uma sala e, lá, eu poderia fazer a prova e que essa pessoa poderia ficar com o neném. Ela falou para mim que eu tinha que conseguir essa pessoa antes de dar 12:45, senão ela iria me tirar da sala “, diz Israeli.
Explica que no momento em que ela ligou, o marido dela estava no caminho entre a escola e a casa do casal, tendo em vista que o homem havia a deixado para realizar a prova. Por conta disso, ele não conseguiu atender, mas assim que viu a ligação, retornou.
“Ela disse que ele deveria estar lá até 12:45. Ela ligou era 12:42, ele não ia chegar a tempo. Aí fui lá para a porta. Foi então quando ela voltou e me levou para o portão e fiquei esperando ele. Ela ligou de novo e disse: ‘Preciso que o senhor venha buscar sua esposa’ e ele questionou, e ela disse que não iria discutir pelo telefone” detalha.
Quando deu 13 horas, bateu o sinal para entregarem as provas. Custava eles terem me deixado em uma sala? Não custava nada. Eu só queria fazer uma prova. Eu estava com um recém-nascido e estava nervosa. O puerpério não é fácil para a gente.
A jovem ressalta que estava preparada para realizar a prova e que é formada em técnico de enfermagem. Além disso, diz que procura há bastante tempo uma oportunidade de em emprego na área no qual escolheu estudar.
“Eu me sentia preparada. Comentei com meu esposo que eu me estava preparada para isso. Não é de hoje que procuro uma oportunidade. Então, quando eu vi essa e disse que iria com ele no braço mesmo. Eu sou mãe, não deixei de lutar pelos meus sonhos”, destaca.
Eu continuei lá esperando. Quando bateu o sinal, comecei a chorar. Sabe aquele aperto que você sente no peito? E antes disso, 10 pessoas ao teu redor falando que não era para tu estar ali.
Segundo Romário, o marido, quando ele retornou à escola umas pessoas discutiam com Israeli no corredor e afirma ter pedido para pararem, mas teriam continuado. “Eu gritei ‘Ei, para com isso’ e eles continuaram. Depois ela veio com a criança no colo e chorando”, pontua.
A família registrou um boletim de ocorrência (B.O.) e vai acionar a Justiça. Não apenas pelo constrangimento sofrido pela mãe, mas, também, por Israeli ter sido supostamente impedida de fazer a prova.
“Eu passei por muita coisa para me formar. Eu sofri, fiquei com fome, fui para vários estágios com fome. Passei por maus bocados. Eu estava lutando só para fazer uma prova, não queria mais nada”, conclui a mãe.