Matheus Rezende, o Faustão, foi baleado na comunidade Três Pontes. Ele era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e o terceiro da família morto pela Polícia Civil. Avenida Brasil chegou a ser fechada por bandidos.
A morte de um miliciano provocou um caos na Zona Oeste do Rio na tarde desta segunda-feira (23). Ao menos 30 ônibus foram queimados a mando de criminosos na região, no que já é o dia com mais coletivos incendiados na história da cidade, segundo o Rio Ônibus.
Outros veículos e pneus também foram incendiados, fechando diversas vias em bairros como Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra e Campinho. Até a Avenida Brasil, a principal via expressa do Rio, chegou a ser fechada, com um ônibus atravessado na pista (veja abaixo), sentido Santa Cruz.
Às 16h50, o município entrou em estágio de mobilização, o segundo nível em uma escala de cinco e significa que há riscos de ocorrências de alto impacto na cidade. Por volta do horário, havia 58 km de congestionamentos na cidade, o dobro da média (29 km) das últimas três segundas-feiras.
As aulas foram suspensas em 32 escolas públicas da região. Em algumas, alunos e professores que estavam nos colégios permaneceram para se manterem em segurança.
Os ataques são em represália à morte do sobrinho do chefe da milícia Zinho, na comunidade Três Pontes. Matheus da Silva Rezende, conhecido como Teteu e Faustão, era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Civil.
No mesmo tiroteio, um menino de 10 anos foi atingido de raspão, segundo familiares. Ele foi levado para a UPA de Paciência, e liberado após atendimento.
Castro parabeniza a polícia
O governador Cláudio Castro parabenizou a Polícia Civil pela operação contra o crime organizado. “Não vamos parar. Nossas ações para asfixiar o crime organizado têm trazido resultados diários”, afirmou Castro. “Além do parentesco com o criminoso, ele atuava como ‘homem de guerra’ do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio. O crime organizado que não ouse desafiar o poder do Estado!”
Segundo a MobiRio, empresa pública que opera o sistema BRT, no corredor Transoeste estavam circulando, por volta das 16h, apenas as linhas 13 (Alvorada x Mato Alto – Expressso), 25 (Alvorada x Mato Alto – Parador) e 22 (Jd. Oceânico x Alvorada – Parador).
O Centro de Operações Rio (COR-Rio) informou que o primeiro ônibus que pegou fogo estava na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz.
Até a última atualização desta reportagem, o COR confirmou incêndios nos seguintes endereços:
- Av. Dom João VI, na altura do BRT Magarça, em Guaratiba. (Via interditada em ambos os sentidos);
- Av. Cesário de Melo, na altura do BRT Santa Eugênia, em Paciência (Via interditada);
- Rua Guarujá, na altura do Viaduto de Cosmos;
- Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz;
- Estrada do Campinho, na altura da Rua Perico, em Inhoaíba
Segundo o órgão da Prefeitura do Rio, a atuação criminosa provoca reflexos nos bairros: Guaratiba, Inhoaíba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz e Magarça.
Ação de bandido
Um criminoso foi flagrado ateando fogo a um ônibus BRT na Magarça, em Guaratiba. Pelas imagens é possível ver o momento em que o homem dá início ao incêndio pela porta da frente do veículo.
Faustão morreu após ser baleado em uma troca de tiros com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Polinter.
O miliciano é o terceiro da família a morrer em confrontos com a Polícia Civil do Rio.
Em 2017, outro tio dele, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, morreu em operação da Delegacia de Homicídios da Capital.
Em 2021, mais um tio, Wellington da Silva Braga, o Ecko, morreu depois de reagir à prisão em uma casa em Paciência, na Zona Oeste do Rio.
Depois disso, seu irmão, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu a maior milícia do Rio. g1