A irmã de um homem morto em suposto confronto com agentes da Polícia Militar de Moju, na Região do Baixo Tocantins, gravou um vídeo e postou na rede social, dizendo que o rapaz morto não devia mais nada à Justiça e que ele foi executado pelos militares dentro da casa da mãe dele.
Segundo ela, os policias ainda levaram da casa dinheiro da venda de bombons, um celular e pertences e um relógio da mãe dela, além da coronha de um espingarda velha, que era usada pelo pai dela, que era caçador.
No vídeo, ela se dirige ao repórter do portal Moju News. Jackson Silva, que divulgou a notícia do suposto confronto, pedindo que ele também divulgue a versão da família e não apenas a da Polícia Militar, para esclarecer os fatos. O depoimento dela também foi divulgado no portal Moju News, abaixo da versão da PM.
O irmão da denunciante, Josebson dos Santos Delgado, de 32 anos, segundo reportagem publicada pelo portal Moju News, baseada em informações da PM, teria reagido à abordagem policial em uma área de mata e acabou morto em confronto com os militares.
Pela versão policial, o rapaz estaria monitorando as casas de agentes da segurança pública para possíveis atentados. O fato ocorreu na manhã de ontem (25), por volta das 6h30 da manhã, “quando os PMs receberam denúncia de que, em uma área de mata, próximo à ponte Moju cidade, estaria um acusado de tráfico de drogas, assaltos a comércio e, ainda, de monitorar a casa de agentes da segurança”.
Conforme a versão dos policiais, ao chegarem ao local, Josebson Delgado, o “Tatu”, teria empreendido fuga por uma janela da casa onde estava, com uma arma em punho, calibre 38, apontando para os PMs. Ainda segundo o boletim policial, Josebson Tatu era membro de uma facção muito conhecida no Brasil.
Os PMs disseram que socorreram o acusado até a Unidade Mista de Saúde, mas ele não resistiu e evoluiu a óbito. Foram apresentados na Delegacia do Moju uma arma caseira calibre 38 e uma sacola contendo aproximadamente 40 gramas de maconha e 39 gramas de óxi, além de uma balança de precisão.
A versão da família do acusado
A irmã do rapaz morto disse no vídeo, entre outras coisa, o seguinte:
“Eles (policiais) vieram aqui na casa da minha mãe, que é uma casa humilde, sim, tiraram o meu irmão de dentro do quarto dele, e o executaram aqui, nessa humilde casa, simples. Não é como eles estão colocando na sua reportagem, Jackson, que o meu irmão estava numa mata, que o meu irmão tinha arma, que confrontaram ele. Nada disso é verdade. Eles executaram o meu irmão nessa humilde casa, nesse molhado que vocês estão vendo, foi aqui que eles executaram meu irmão. (…) Eles (policiais) acham que podem tirar a vida de qualquer um”.
Sobre o irmão dela, ela disse que um dia ele já foi muito errado, mas hoje era inocente, pagou pelos crimes que cometeu e estava vivendo com a esposa e a filha.
“Ele estava tentando ser alguém nessa sociedade, que não é fácil conseguir emprego, mudar de vida, mas ele estava tentando. (…) Infelizmente, essa polícia não deixava, porque onde eles encontrassem ele, fosse trabalhando, fosse passeando com a família, eles paravam, eles batiam. Não foi uma nem duas vezes, que eles pegaram meu irmão, que eles bateram e largaram por aí, todo machucado. E ele tentando se livrar sempre deles.
E hoje não foi diferente, eles vieram na calada da manhã, tiraram o meu irmão, que estava dormindo, colocaram ele na sala da minha mãe e executaram ele aqui. É fácil, só apontar o dedo, mas vir saber realmente a notícia é que é. O meu irmão não tinha arma, o que eles levaram foi uma coronha de uma espingarda antiga do meu pai, que era caçador, mas não tinha revólver, não tinha nada disso que eles colocaram aí.
Infelizmente, vocês (repórteres) só querem saber de falar a versão deles (policiais), não a nossa, enquanto sociedade, é sempre assim, vão sempre escutar só eles”.
Veja o vídeo na íntegra: