Lideranças indígenas do Pará usaram as redes sociais nesta quarta-feira (25) para se manifestar contra a venda bilionária de créditos de carbono para multinacionais e países estrangeiros. Segundo as lideranças, não houve consulta livre, prévia e informada, como prevê a Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.
O acordo foi assinado pelo governador Helder Barbalho (MDB) na noite de terça-feira (24), durante a Semana do Clima de Nova York, no valor estimado de US$ 180 milhões (quase R$ 1 bilhão).
O objetivo do acordo, segundo o governo, é garantir financiamento da Coalizão LEAF (parceria público-privada) para apoiar as metas de redução do desmatamento.
Assinado junto à organização Emergent, coordenadora da Coalizão LEAF, a compra é de até 12 milhões de toneladas de créditos de carbono gerados por reduções no desmatamento entre 2023 a 2026. Não foi informado em qual área os créditos seriam gerados.
Cada crédito representa uma tonelada métrica de redução de emissões de carbono resultado nos cortes no desmatamento e será comprado ao preço de US$ 15 por tonelada.
Entre os compradores estão Amazon, Bayer, BCG, Capgemini, H&M Group, Fundação Walmart e os governos da Noruega, Reino Unido e EUA.
Problemas
Alessandra Korap, liderança indígena do povo Munduruku e presidente da Associação Indígena Pariri, disse que negociação dos créditos de carbono ocorre enquanto o estado enfrenta “seca, com peixes mortos, e pessoas querendo água sem direito à água”.
A liderança participa da 57ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça. Ela reivindicou a revogação de portaria que dá licença ao garimpo no Pará, deixando que municípios assinem autorizações, como em Itaituba.
E também criticou um projeto de concessão florestal do governo estadual para “tirar milhares de madeiras para ser transportada para as grandes empresas”, concluiu.