Mais uma tragédia anunciada no Pará, onde grandes grupos econômicos impõem a violência e o terror para fazer valer seus interesses contra populações vulneráveis, expulsando-as de suas terras para implantar projetos que degradam o meio ambiente. Há anos que a região entre o Acará e Tomé-Açu é um barril de conflitos com mortes. Nesta manhã de sábado, 24, explodiram novas cenas de violência. Dois indígenas, segundo informações, foram mortos e três saíram feridos, após ataque a tiros de seguranças da empresa Brasil Bio Fuels, antiga Biopalma, produtora de dendê na região..
Os homens armados a serviço da empresa atacaram um veículo onde estavam cinco quilombolas e indígenas da comunidade Braço Grande, da etnia Turiwara. A cena, de terra sem lei, ocorreu na área da Vila Socorro, em Tomé-Açu, no nordeste paraense.
O Instituto Médico Legal (IML) confirmou um pedido de remoção do corpo de uma vítima do sexo masculino, ainda não identificado, dentro de um carro. A equipe acionada para remoção foi do Núcleo de Abaetetuba, município vizinho, informou o portal G1. Quilombolas da região, porém, informaram sem confirmação que dois indígenas foram mortos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), equipes da Polícia Militar e Polícia Civil “foram informadas de que um veículo, onde estavam quatro pessoas, havia sido atingido por disparo de arma de fogo. Três delas ficaram feridas, foram socorridas e levadas ao hospital de Acará. A quarta ferida, morreu, disse a Segup.
O Ver-o-Fato recebeu vários vídeos sobre as cenas de violência. “Eles mandaram bala no pessoal que estava no carro. Não deram chance de defesa para nenhum deles”, afirmou um quilombola, pedindo para não ser identificado por temer represálias. Uma outra testemunha informou ao G1 que as vítimas são do movimento de indígenas, quilombolas e ribeirinhos e que os criminosos “chegaram para matar”.
As quatro vítimas estavam em uma pick-up branca. Os vidros do veículo ficaram destruídos. Duas das vítimas apareceram agonizando em vídeos que circulam pela internet. Uma liderança na comunidade relata que “este não é o primeiro ataque” que os moradores atribuem a seguranças privados.
Ele disse que a comunidade estava em busca de reconhecimento pela Fundação Nacional do Índio (Funai), além de estar em região de conflito envolvendo a exploração de dendezais. Os Turiwara vivem em áreas da etnia Tembé.
“Nós somos da etnia buscando reconhecimento pela Funai, e todas as vítimas são dessa etnia, inclusive uma das vítimas é ex-líder da comunidade, que antes representava os moradores denunciando a BBF [Brasil BioFuels], quando eles criaram tipo uma rixa. É essa chacina que a gente recebe, estamos com medo de quem serão os próximos”, declarou um indígena.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informou que equipes das polícias civil e militar já iniciaram os procedimentos necessários para apurar o atentado e que equipes especializadas já estão na região para reforçar as ações de segurança e atuar, de forma prioritária, nas investigações do fato.
Ao Ver-o-Fato, o Ministério Público Federal (MPF) disse que vai apurar as circunstâncias em que ocorreu o episódio divulgado nas redes sociais e na imprensa como um ataque de pistoleiros na região do limite dos municípios de Acará e Tomé-Açu.
Aguarde novos detalhes em instantes.
Posicionamento da BBF,. Atualizado as 21h:
A BBF lamenta os atos de violência noticiados e esclarece de forma veemente que não tem nenhuma ligação com o ocorrido.
No veículo alvejado, segundo consta, a Polícia encontrou grande soma em dinheiro e arma de fogo. Um dos alvejados é criminoso contumaz e possui diversas rixas com gangues locais e com outras comunidades, sendo recentemente preso com munições de arma de fogo.
A empresa reforça que entrará com medidas judiciais contra Parate Tembé, que vem tentando associar de forma caluniosa o nome da BBF a esses fatos trágicos ocorridos nesta manhã, objetivando ações de terrorismo e vandalismo contra a empresa e seus funcionários.
Por fim, a BBF esclarece que não possui em sua frota veículos de cor vermelha, conforme mencionado.
Veja os vídeos: