O Complexo de Fazendas Mutamba, localizado em Marabá, vive há meses sob um clima de tensão e medo. O local tem sido alvo de invasões por grupos armados, que vêm praticando uma série de crimes, incluindo o roubo de madeira e de gado, além de incendiar a reserva legal da propriedade e ameaçar os empregados de morte. Essa situação crítica chegou ao ponto de impedir até mesmo a vacinação do gado. Em uma operação policial, ontem, houve confronto com os invasores, resultando em dois mortos e feridos.
A ação realizada pela Delegacia Especializada de Combate a Conflitos Agrários (DECA) foi para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão. Há meses existe determinação judicial de reintegração de posse. A operação, conduzida pelos delegados Antonio Mororó e Vannir Fernandes. Essa operação envolve, além da Deca de Marabá, Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais – Core de Marabá e Belém, bem como agentes da Semas e Graesp.
Segundo matéria do portal DOL, de propriedade do governador Helder e da família Barbalho, a ação policial ” faz parte da resposta do Estado às constantes ações de invasão, queimadas, mortes de gados, desmatamentos de áreas de preservação e outros crimes cometidos pelos invasores dentro da fazenda”.
Havia, segundo os delegados, três mandados de prisão preventiva contra líderes sem-terra e dezoito mandados de busca e apreensão. O objetivo era desarmar os invasores, mas eles teriam decidido enfrentar a polícia. De acordo com a Polícia Civil, dois posseiros foram mortos durante o embate. Houve ainda quatro prisões e apreensão de armas e munição usadas pelos invasores da terra.
Contudo, uma versão diferente circula nas redes sociais. Uma publicação de uma página no Instagram, identificada como Movimento Sem-Terra Pará, afirma que cinco pessoas teriam morrido no confronto, descrevendo a ação como um embate entre camponeses e policiais. Até o momento, a Polícia Civil não emitiu uma nota oficial ou realizou uma coletiva para esclarecer os acontecimentos.
De acordo com informação do portal Fator Regional, a Defensoria Pública do Estado do Pará confirmou que foram 5 mortos e que solicitou a suspensão imediata das medidas e retirada de policiais da área. Um grupo de representantes do MST está a caminho do local para averiguar a situação.
O delegado Mororó, em uma breve conversa por telefone com o portal Correio de Carajás,, confirmou que as buscas e prisões preventivas seguem em andamento.
Reintegração de posse
A operação mobilizou recursos significativos, incluindo o uso de helicópteros. A situação na Fazenda Mutamba é complexa e longe de ser um problema recente. Ataques a essa propriedade rural já vinham ocorrendo há meses, com relatos frequentes de violência por parte de grupos que não têm ligação com movimentos sociais legítimos de luta pela reforma agrária.
Os interesses dos invasores parecem estar centrados na extração ilegal de madeira da reserva legal existente na fazenda.
Organizações como a Associação Rural dos Agricultores do Acampamento Balão III e IV e a Associação Rural Terra Prometida são mencionadas no contexto, mas sem confirmação de envolvimento direto com os ataques mais recentes.
Desde março deste ano, a situação legal da propriedade foi reforçada por uma decisão do juiz da Vara Agrária de Marabá, Amarildo José Mazutti, que determinou que a posse da Fazenda Mutamba pertence à família Mutran e ordenou que membros das associações rurais deixassem a área.
Apesar disso, em abril, um grupo armado voltou a invadir a fazenda, ameaçando funcionários que trabalhavam na limpeza do pasto. Desde então, episódios de violência e crimes, como incêndios e destruição de estruturas da propriedade, tornaram-se constantes.
A operação desta sexta-feira representa um novo capítulo na escalada de violência na região e evidencia o estado de tensão contínua na Fazenda Mutamba. A ausência de uma resposta clara e definitiva das autoridades até o momento deixa muitas questões em aberto, enquanto a comunidade local aguarda por mais esclarecimentos.