Na noite desta quinta-feira (7), um atentado contra um policial da reserva da Polícia Militar do Pará, identificado como Cabo Daniel, aprofundou ainda mais o clima de insegurança em Belém. Segundo o boletim de ocorrência registrado pelo 27º BPM, o ataque ocorreu por volta das 21h05, na Estrada da Ceasa, no bairro Curió-Utinga. Ele estava amarrado e com vários ferimentos no corpo provocados por um tiro que pegou de raspão na cabeça, além de golpes de faca.
O caso está sob investigação. A onda de violência na cidade já tirou a vida de pelo menos quatro agentes de segurança, deixando outros seis feridos. No caso desta noite, a descoberta chocante foi feita por um grupo de transeuntes, que avistaram o policial caído no acostamento e buscaram ajuda desesperadamente.
Dois agentes operacionais da Ceasa, que trabalhavam nas proximidades, foram alertados. Um deles, que preferiu não se identificar, relatou os momentos angustiantes. “Vieram comunicar a gente que tinha um rapaz caído do lado da estrada da Ceasa. Eu e outro fiscal fomos lá, e, quando chegamos, ele estava no acostamento, na mata, com as mãos amarradas, todo ensanguentado”.
Apesar da situação crítica, o policial ainda estava consciente. Segundo o relato dos agentes da Ceasa, ele conseguiu dizer que havia sido vítima de uma tentativa de homicídio. De acordo com a testemunha, o PM mencionou que um dos tiros parecia ter atingido de raspão sua cabeça, o que, por milagre, permitiu que ele mantivesse a consciência e clamasse por socorro.
Além do ferimento na cabeça, a equipe do Samu constatou cortes profundos nas costas, provocados por golpes de faca. O PM também contou que o ataque começou no bairro do Barreiro, onde ele foi abordado, torturado, e, em seguida, abandonado pelos agressores, que fugiram com seu carro, um Toyota Etios branco, ainda não localizado.
As autoridades consideram a possibilidade de o caso estar relacionado aos recentes ataques a policiais na capital ou, alternativamente, ser fruto de uma tentativa de assalto que escalou para violência extrema.
As facções criminosas vêm intensificando ataques contra agentes de segurança, sejam eles policiais civis ou militares, da ativa ou da reserva. Em bairros dominados por essas organizações, o “toque de recolher” imposto pelos criminosos tem deixado moradores em pânico e reforçado a sensação de vulnerabilidade.
Enquanto as forças policiais seguem com buscas para prender os autores dos atentados e desarticular facções que controlam importantes regiões da cidade, a violência expõe a discrepância entre a realidade enfrentada pelos belenenses e as recentes declarações do governador Helder Barbalho.
No mês passado, o governador afirmou a veículos de comunicação do centro-sul do país que Belém seria a “quinta capital mais segura do Brasil”. Contudo, os frequentes episódios de violência, como o atentado desta noite, põem em dúvida tais declarações, destacando a necessidade de ações mais eficazes para garantir a segurança pública.