A bebê Ana Vitória Corrêa dos Santos, de três meses de idade, está internada no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, precisando ser transferida para um hospital de referência em cardiologia em Belém, mas a Secretaria de Saúde do Estado do Pará não consegue socorrer a criança. A burocracia sufoca o senso de humanidade.
Naila Ruana Corrêa Cruz, mãe de Ana Vitória, está fazendo tudo o que pode para conseguir um leito para a filha, inclusive apelou para o Ministério Público do Estado, mas até agora ninguém conseguir dar uma solução para o caso. A situação chegou a um ponto tão crítico, que ela foi até aconselhada por uma equipe médica a procurar socorro fora do estado. O Ver-o-Fato considera isso descaso e total absurdo.
A mãe explicou que a bebê tem histórico de taquiarritmia desde a gravidez, pois com cinco meses de gestação, em um exame de ultrassom morfológico, foi identificado o coração em taquicardia, com 220 batimentos por minuto. Na época, ela foi transferida para o Hospital das Clínicas Gaspar Viana e ficou internada, fazendo controle da taquicardia fetal até a interrupção da gravidez, que ocorreu no oitavo mês.
Ao nascer, Ana Vitória fez os exames necessários, recebeu alta hospitalar e com 10 dias retornou com a mãe para Santarém. “Ficou agendado no HGV que com 30 dias, ela teria um retorno com a cardiologista pediatra, para repetir os exames, mas o retorno não ocorreu, pois a minha filha foi internada no Hospital Municipal de Santarém (HMS) antes da liberação do TFD (transporte fora de domicílio) para o retorno”, afirmou a mãe.
Ana Vitória tinha um mês de vida quando foi internada, em 15 de junho de 2022, apresentando sintomas gripais. Após dois dias de internação foi identificado que os batimentos cardíacos dela estavam muito acelerados (em média de 240 bpm em repouso chegando a 270 bpm em atividade), a taquicardia supraventricular que foi detectada na gravidez, explicou Naila.
No dia 19 de junho, ela foi transferida de emergência para o Hospital Regional do Baixo Amazonas, onde deu entrada na UTI pediátrica, tendo crise de convulsão. Foram feitos vários exames e mesmo após todos os recursos terem sido utilizados, a equipe médica não descobriu a causa.
Foi então solicitado o pedido de transferência para o hospital de referência (HGV), mas não houve resposta. Após 17 dias na UTI, a bebê foi transferida para a enfermaria pediátrica do HRBA, para ser monitorada, tomando uma medicação receitada por telefone por uma cardiologista pediatra, garantiu a mãe.
No dia 22 de julho foi feito um teste de covid na bebê e o resultado deu positivo. “Ela contraiu covid-19 em ambiente hospitalar pois eu fico 24 horas no hospital e devido a alimentação dela ser exclusivamente amamentação, não faço troca de acompanhante”, ressaltou a mãe.
Ainda segundo Naila Corrêa, na mesma semana, a tão esperada vaga de leito no Hospital Gaspar Vianna foi liberada para ela, porém, devido o diagnóstico de covid, não foi possível a transferência e nesse período, a bebê voltou a ter taquicardia vez ou outra.

Hospital de Clínicas nega, diz mãe
A maior surpresa da mãe foi, depois que o teste negativou e Ana Vitória já havia retornado para a fila de espera novamente, quando no dia 9 de agosto, a resposta do Hospital das Clínicas sobre o pedido de transferência foi negativa.
“Negada (transferência) pela equipe médica local: lactante com quadro de taquiarritmia congênita; discutido caso com equipe médica local (cardioped e arritimologista), não sendo realizado tal procedimento em crianças menores de 25 kg na instituição. Sugere-se transferência para outro estado”, foi a resposta do hospital.
Então, devido a bebê estar aparentemente estável, a equipe médica achou melhor dar alta pra aguardar uma possívela transferência interestadual, em casa.
No entanto, apontou a mãe, no dia 12 de agosto, Ana Vitória voltou a ter crises de taquicardia, sendo registradas mais de 10 crises por dia.
“Devido a paciente continuar internada, o pedido de transferência foi feito ainda leito a leito, registrado na terça feira, dia 16 de agosto, por causa do final de semana prolongado de feriado. Segundo o assistente social do setor responsável pelas transferências, a solicitação foi enviada para a coordenação estadual da Sespa, em Belém e segue aguardando retorno para, então, a partir disso, iniciar as buscas e dar entrada no TFD”, completou a mãe.
Sem mais ter a quem apelar, ela pediu ajuda ao Ver-o-Fato, pois com o caso se tornando publico, pode ser que alguém tome uma providência.