Saiu tudo conforme o figurino político havia definido. O governador Helder Barbalho, maior interessado na indicação da esposa ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), até agora não deu uma palavra sequer sobre o assunto e nenhum jornalista amestrado ousou questioná-lo.
Assim, com os ventos soprando a favor e sob o império da lei da inércia, poucas vozes discordantes se fizeram ouvir durante a sabatina e a votação. Na refrega que não houve, a bola cheia da primeira dama Daniela Barbalho ficou nas mãos de 11 partidos da base aliada do governo.
Eles cumpriram o acerto e disseram “sim” e “sim, senhor”, aprovando com louvor e rasgados elogios a polêmica e inusitada indicação da primeira dama, a advogada Daniela Barbalho, por 36 votos dos 38 deputados presentes, Ungida pela quase unanimidade, ela é a nova conselheira do TCE.
Ao fim e ao cabo, a esmagadora maioria dos votantes estava feliz e satisfeita. Preservou seus cargos em secretarias e empregos de afilhados no governo sem fazer muita força. Parte da fatura de apoio político ao governo barbalhista está paga.
O caso, porém, não está encerrado. A oposição, que numericamente vive tentando se livrar de ser esmagada pelo rolo compressor governista na chamada casa do povo, promete ir a Justiça na tentativa de impedir que Daniela assuma o cargo cujo salário, fora os penduricalhos, alcança R$ 35 mil por mês. Detalhe: o cargo é vitalício.
“Desafio mais importante de minha vida”
Em seu discurso, após o resultado da votação, Daniela disse ter acabado “o tempo das mulheres ficarem à margem, apenas assistindo o desenrolar dos acontecimentos. As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço e direitos, exercendo a cidadania em sua plenitude”,
Segundo ela, “pudemos ver a gestão 2018-2022, quando tivemos a maior bancada feminina da história da Alepa, quando foi instituída a Procuradoria da Mulher. Diminuímos o quantitativo de deputadas estaduais nesse último pleito, mas aumentamos as deputadas federais, hoje contamos com cinco deputadas federais paraenses, aumentando a participação do Pará”.
Por fim, agradeceu a “cada um dos líderes partidários que me indicaram ao desafio mais importante da minha vida”. Nem precisava agradecer. Daniela é educada e gentil. Os deputados é que deveriam pedir desculpas pelo vexame.
Um tapa na cara dos paraenses.