Em mais um desdobramento chocante da guerra na Ucrânia, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy afirmou que forças russas estão queimando os rostos de soldados norte-coreanos mortos no conflito. Segundo ele, o objetivo seria ocultar a presença desses combatentes, enviados pelo regime de Kim Jong-un, que estão apoiando Moscou no campo de batalha.
Zelenskyy utilizou sua conta na rede social X para denunciar a situação: “Mesmo depois de anos de guerra, quando pensávamos que os russos não poderiam ficar mais cínicos, vemos algo ainda pior. A Rússia não apenas envia tropas norte-coreanas para atacar posições ucranianas, mas também tenta esconder as perdas dessas pessoas”, escreveu. O presidente acrescentou: “Era proibido mostrar seus rostos durante o treinamento. Os russos tentaram apagar qualquer evidência de vídeo da presença deles. E agora, após os primeiros combates com nossos guerreiros, os russos estão queimando os rostos dos soldados norte-coreanos mortos em batalha.”
De acordo com um oficial militar dos Estados Unidos, que falou às agências de notícias Reuters, AFP e AP, centenas de soldados norte-coreanos já morreram ou ficaram feridos durante combates na província russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia. As informações sugerem que milhares de combatentes norte-coreanos foram enviados à região como parte do apoio do regime de Pyongyang à invasão de larga escala promovida por Vladimir Putin desde fevereiro de 2022.
Relatos do campo de batalha e imagens de vídeo indicam que esses soldados estão sendo utilizados em ataques altamente arriscados, conhecidos como “moedores de carne”, em que avançam diretamente contra as defesas ucranianas.
O jornalista ucraniano Andriy Tsaplienko relatou que cerca de 500 soldados norte-coreanos participaram de uma operação militar em Plekhovo, na região de Kursk. Segundo ele, aproximadamente metade desse contingente morreu nos combates. “Os números mostram o alto custo humano que essas operações têm para os soldados norte-coreanos, que são vistos como descartáveis por Moscou”, disse Tsaplienko.
Estima-se que o regime de Kim Jong-un tenha enviado mais de 10 mil combatentes à Ucrânia. Apesar de oficialmente não estar em guerra contra Kiev, a Coreia do Norte tem sido acusada de agir como aliada da Rússia, enviando seus soldados como “mercenários” para o front.
A guerra na Ucrânia, que já se estende por quase dois anos, continua a revelar alianças inesperadas e táticas brutais. O envio de tropas norte-coreanas para o conflito é visto por analistas como uma tentativa do regime de Pyongyang de fortalecer laços com Moscou, enquanto enfrenta isolamento e sanções internacionais.
Do Ver-o-Fato, com informações do extra.globo.com