Um episódio profundamente lamentável marcou a noite da última sexta-feira (3) na região oeste do Paraná. Quatro indígenas Avá-Guarani ficaram feridos durante um ataque ocorrido em uma área de disputa territorial entre os municípios de Guaíra e Terra Roxa. O caso, que está sob investigação da Polícia Federal (PF), expõe as tensões crescentes entre comunidades indígenas e a complexidade das questões fundiárias na região.
As vítimas, com idades de 7, 14, 25 e 28 anos, foram socorridas e levadas para o Hospital Bom Jesus, em Toledo. Até o momento, não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde dos feridos. Imagens divulgadas pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) revelam cenas perturbadoras, com indígenas ensanguentados, evidenciando a gravidade da violência enfrentada.
Embora a autoria do ataque ainda esteja sob apuração, a tragédia lança luz sobre um conflito fratricida dentro das próprias comunidades Avá-Guarani. A disputa por terras, que deveria ser mediada e resolvida por vias pacíficas, torna-se mais um capítulo de sofrimento para um povo já marcado por lutas históricas por reconhecimento e dignidade.
Organizações de defesa dos direitos indígenas, como o CIMI, têm alertado sobre o aumento da violência em áreas de disputa territorial, mas também apelam para a união e diálogo entre os povos. “É doloroso ver irmãos contra irmãos. A terra é sagrada, mas a vida deve ser preservada acima de tudo”, destacou um representante da entidade.
O papel do Estado e o clamor por justiça
Especialistas em questões indígenas apontam que a fragilidade das políticas públicas voltadas para demarcação de terras e a insuficiência de ações de mediação contribuem para a escalada de conflitos. A responsabilidade, dizem, não é apenas das comunidades envolvidas, mas de um Estado que falha em cumprir seu papel constitucional de proteger os direitos indígenas.
O ataque também reforça a necessidade de uma investigação célere e imparcial por parte das autoridades. Além de identificar os responsáveis pelo ato violento, é fundamental buscar soluções duradouras para evitar que novos episódios de violência comprometam ainda mais a integridade das comunidades indígenas.
Enquanto aguardamos atualizações sobre o estado de saúde das vítimas e o desdobramento das investigações, cabe a todos refletir sobre a importância da paz e da reconciliação. Que o diálogo e a proteção da vida prevaleçam sobre os interesses e as divisões, para que o futuro dos Avá-Guarani possa ser de harmonia e respeito mútuo.
Uma emboscada violenta e planejada aprofundou o drama vivido pelos indígenas da aldeia Yvy Okaju, localizada na região oeste do Paraná. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a comunidade foi surpreendida por um ataque a tiros na noite de sexta-feira (3), deixando quatro feridos. A suspeita é que o grupo estivesse sendo monitorado por pessoas em pelo menos três pontos estratégicos da aldeia.
O episódio marca mais uma ocorrência em uma série de ataques que a comunidade enfrenta desde 30 de dezembro de 2024. Segundo os relatos, os indígenas já haviam sido alvo de rojões e de um incêndio supostamente criminoso, que feriu duas pessoas nos últimos dias do ano.
“Estamos sendo atacados todos os dias”
Vilma Vera, representante da Comissão da Mulher Indígena da aldeia, descreve a situação como desesperadora: “É uma guerra, na verdade. Nós estamos sendo atacados todos os dias, todas as noites. Nós não temos armas para nos defender. A única coisa que nós temos é o nosso corpo.”
Os moradores pedem ajuda urgente ao Governo Federal, ressaltando que a presença das forças de segurança tem sido insuficiente para conter a violência.
Em nota, a Polícia Federal informou que forças de segurança federais, estaduais e municipais estiveram na aldeia na noite do ataque para evitar novos episódios de violência. Além disso, uma perícia foi realizada na manhã de sábado (4).
Desde o início de 2024, a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) realiza monitoramento na região, porém, conforme os indígenas, não havia efetivo presente no momento do ataque.
Conflito histórico por terras
A violência na aldeia Yvy Okaju é parte de um conflito maior, que há décadas marca a região oeste do Paraná. A disputa por terras entre indígenas e agricultores ganhou força após a construção da Usina de Itaipu, que alagou grandes áreas rurais, deixando os Avá-Guarani sem terras adequadas. Muitas dessas áreas ocupadas atualmente pelos indígenas nunca passaram por processo de demarcação formal.
Enquanto os indígenas reivindicam seus direitos históricos e culturais sobre a terra, agricultores afirmam que possuem títulos legais da área em disputa. A ausência de uma solução definitiva aprofunda a tensão e expõe ambas as partes a episódios de violência.
A situação exige ação imediata do Governo Federal, do Ministério da Justiça e do Ministério dos Povos Indígenas. É imprescindível que medidas sejam adotadas para proteger a comunidade indígena e avançar na resolução das disputas fundiárias. Fonte: g1 Paraná.
VEJA IMAGENS DIVULGADAS PELO CIMI