Ginasta americana testemunhou no Senado sobre falhas nas investigações do caso Larry Nassar, preso por abuso sexual de centenas de atletas
Em audiência no Comitê Judiciário do Senado dos Estados Unidos, a ginasta Simone Biles testemunhou, nesta quarta-feira, num painel que apura os erros do FBI, a agência americana de investigação, no caso do médico Larry Nassar, preso por abuso sexual contra ginastas americanas. Em seu depoimento, Biles culpou a Federação Americana de Ginástica (USA Gymnastics) e o FBI pelos crimes cometidos pelo ex-médico da entidade esportiva.
“Não quero que nenhuma outra atleta sofra o horror que eu vivi. Sofremos e seguimos sofrendo porque ninguém fez o necessário para nos proteger. Falharam conosco e merecemos respostas. Nassar está no lugar a que pertence, mas aqueles que permitiram os abusos têm de prestar contas”, disse a atleta de 24 anos, que chorou no depoimento.
Em julho, um relatório de 119 páginas foi emitido pelo Departamento de Justiça dos EUA que afirmava que o FBI em Indianápolis “não respondeu às alegações contra Nassar com a maior seriedade e urgência de que eles mereciam e exigiam.”
Iniciada em 2015, a investigação foi considerada lenta. De acordo com o relatório, os investigadores esperaram cinco semanas para entrevistar por telefone uma das vítimas, e deixaram de entrevistar outras atletas. Os erros, segundo a conclusão do documento, permitiram que o abuso sexual continuasse por meses.
O painel também teve o depoimento das campeãs olímpicas Aly Raisman e McKayla Maroney e da campeã mundial Maggie Nichols, primeira ginasta a denunciar os abusos de Nassar aos chefes da USA Gymnastics. Maroney afirmou que o FBI falsificou sua acusação reportada em 2015.
- Depois de contar toda a minha história de abuso ao FBI em 2015, não apenas o FBI não relatou meu abuso, mas quando finalmente documentou minha denúncia 17 meses depois, eles fizeram afirmações totalmente falsas sobre o que eu disse – disse Maroney.
Nassar foi condenado a 360 anos de prisão em fevereiro de 2018, mas as atletas também querem reparação da USA Gymnastics e do Comitê Olímpico Americano por permitirem que os abusos ocorressem mesmo após as denúncias.
Fonte: Agência O Globo