Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro do STF disse ter sido alvo do planejamento de um atentado para enforcá-lo na Praça dos 3 Poderes
Uma carta de servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) manifesta “consternação” com as declarações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sobre o suposto envolvimento da instituição nos planos golpistas de 8 de Janeiro para matá-lo.
Segundo ele, havia um plano para prendê-lo e enforcá-lo em 8 de Janeiro. Em entrevista ao Globo, publicada nesta quinta-feira ,4, Moraes disse que havia três planos de golpistas contra ele, incluindo um no qual o objetivo era prendê-lo e enforcá-lo na Praça dos Três Poderes.
Segundo o ministro, “houve uma tentativa de planejamento” de ataque contra ele. “Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão”, pontuou.
Na carta, os servidores da Abin ressaltam que a instituição era gerenciada por servidores de outros órgãos no governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), quando houve “ocupação de cargos por indicação exógena em quantidade inédita na história da Abin” .
Os servidores e servidoras da Agência Brasileira de Inteligência manifestam, neste momento, sua consternação diante das publicações na data de hoje em que se aponta suposto envolvimento do órgão no planejamento de atentado contra a vida de ministro do Supremo Tribunal Federal”, diz o texto.
Os trabalhadores também defenderam uma reforma das prerrogativas legais da Abin, com definição de meios e focos de sua atuação e valorização do quadro de pessoal.
A ÍNTEGRA DA CARTA DA ABIN:
“Nota Pública
Brasília, 4 de janeiro de 2024
Os servidores e servidoras da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) manifestam, neste momento, sua consternação diante das publicações na data de hoje em que se aponta suposto envolvimento do órgão no planejamento de atentado contra a vida de Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Cabe ressaltar que durante a maior parte do governo anterior, a Agência esteve sob gestão de servidores de outro órgão, durante a qual houve ocupação de cargos por indicação exógena em quantidade inédita na história da ABIN, situação que perdurou até março de 2022.
O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos Antidemocráticos, aprovado em 18/10/2023, é inequívoco quanto ao compromisso dos profissionais da ABIN com a Democracia, manifestado e documentado no acompanhamento da radicalização que culminou nos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023 e no compartilhamento de informações às autoridades competentes sobre possíveis atentados à segurança pessoal de agentes públicos e contra instituições basilares do Estado brasileiro.
Tais ameaças permanecem objeto do acompanhamento silencioso de nossos servidores orgânicos, que mesmo sob condições adversas, trabalham incansavelmente pela segurança da sociedade e do Estado. O necessário aprofundamento dos trabalhos de Inteligência em defesa do Estado de Direito no Brasil depende da urgente reforma das prerrogativas legais da ABIN, com definição de meios e focos de sua atuação, do reforço e valorização do quadro de pessoal e do efetivo controle externo da atividade, exercido pelo Congresso Nacional.”