Moradores de Salvaterra, no Arquipélago do Marajó, ainda abalados com a tragédia provocada pelo naufrágio da lancha Dona Lourdes II, ocorrido nesta quinta-feira (8) e que matou várias pessoas, afirmam que as mortes poderiam ter sido evitadas, se o navio legalizado que faz a linha do Porto de Camará para Belém estivesse disponível para fazer a travessia no horário marcado.
Segundo esses moradores, a empresa responsável pelo navio avisou em cima da hora que a viagem, que estava marcada para 6h30 da manhã de quinta-feira, havia sido cancelada, obrigando os passageiros a procurarem outra embarcação.
“Várias pessoas tinham consulta ou exames médicos marcados para a quinta-feira, em Belém, e outras tinham outros compromissos, por isso embarcaram na lancha que naufragou, porque não sabiam que era clandestina”, afirmou uma moradora de Salvaterra.
Outra moradora disse que a empresa dona do navio que tem concessão da linha para Belém já fez isso outras vezes, pois quando não há passageiros suficientes para dar lucro, ela simplesmente adia a viagem, já que não há fiscalização todos os dias.
“A lancha que afundou só encostou no Porto de Camará porque havia passageiros, já que a viagem de navio que estava marcada havia sido cancelada. Então, todos que iriam perder a viagem decidiram embarcar na lancha. Havia cerca de 110 pessoas na lancha, quando ela partiu de Camará e o excesso de peso pode ter afundado a embarcação mais rapidamente”, disse um parente de um sobrevivente.
Há uma balsa segura que faz a travessia Camará-Belém, mas ela só sai de Salvaterra durante a tarde e atraca em Icoaraci. “As pessoas não têm dinheiro suficientes para, além de pagar a passagem da balsa, passar a noite esperando uma consulta para a manhã do dia seguinte, para depois voltar para a cidade de origem, então, embarcam onde podem, pensando que não correm riscos, confiando nos comandantes dos barcos que aparecem”, explicou.
Arcon e Capitania
Outros moradores acusaram a Arcon (Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Pará), responsável pela fiscalização das embarcações, de negligência, pois sabia que a lancha que naufragou era clandestina, conhecia os donos, mas não evitou a tragédia. Também culparam a Capitania dos Portos por não cumprir a sua missão de garantir embarcação com segurança para os passageiros.