A Rede Globo acordou, viu que a censura interna da organização sobre a matéria era uma bola fora – levou “furo” do Ver-o-Fato – e decidiu divulgar neste domingo a reportagem que havia engavetado sobre as denúncias de abuso sexual de ex-seminaristas do Seminário Pio X, em Ananindeua, contra o arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa.
O que será divulgado, porém, vem com cheiro de informação velha, inclusive os detalhes já publicados pelo Ver-o-Fato e pelo jornal espanhol El País e sua versão brasileira. A importância da divulgação do que antes estava guardado a sete chaves no cofre do silêncio da rede de TV carioca, contudo, é inquestionável.
A Globo e sua poderosa máquina, que embora não mais exerça o monopólio da opinião pública, o que sempre a envaideceu, ainda consegue alcançar os rincões do país com suas notícias. Sua audiência tem amplitude para abalar a Igreja Católica não apenas no Pará, mas em todo o Brasil.
O que ela apresentará neste domingo à noite, durante o programa Fantástico, sem dúvida será suficiente para produzir um estrago nas relações da Vênus Platinada com o mundo católico nacional. O inquérito para apurar as denúncias contra Dom Alberto Taveira corre sob segredo de Justiça. A Globo teve acesso aos detalhes das acusações de ex-seminaristas contra o arcebispo e elas são pesadas, graves.
O arcebispo não foi ouvido. A Globo fez duas tentativas. Na primeira, Dom Alberto foi procurado, mas não quis se pronunciar e na segunda, a Globo, depois de acertar a entrevista, desmarcou, ainda no começo de dezembro. Na verdade, o arcebispo até hoje não falou com nenhum órgão da imprensa sobre o caso e tem recusado pedidos de entrevista.
Segundo as denúncias já publicadas, quatro ex-integrantes do Seminário São Pio X formalizaram denúncia ao Ministério Público em agosto deste ano acusando Dom Alberto de usar suposta terapia para “curar” a homossexualidade como pretexto para tocar seus corpos nus e promover abusos como testes à “tentação” do sexo.
Os fatos narrados aos promotores, que pediram à Polícia Civil a abertura de um inquérito que corre sob segredo de Justiça, teriam acontecido há pelo menos seis anos atrás, em 2014 – e também em anos anteriores —, enquanto os jovens estudavam para tornarem-se padres ou estavam em processo de desligamento do seminário. Todos tinham entre 15 e 20 anos de idade quando os fatos narrados por eles teriam acontecido.
Os detalhes sórdidos desse caso, na narrativa dos denunciantes, constam de ampla matéria do El País que podem ser acessados no seguinte endereço eletrônico: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-12-20/policia-e-vaticano-investigam-acusacao-de-assedio-e-abuso-sexual-contra-arcebispo-de-belem.html
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