As novas gerações representam um fator estratégico para a conservação e o uso sustentável da maior faixa contínua de manguezais do planeta, com cerca de 8 mil Km, localizada na zona costeira do Amapá, Pará e Maranhão. “Elas serão os futuros guardiões do meio ambiente e constituem o melhor caminho para as mensagens chegarem aos pais, mobilizando reflexões e mudanças de comportamento”, afirma Aila Freitas, educadora ambiental do Projeto Mangues da Amazônia.
Realizada pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, com apoio do Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), a iniciativa é patrocinada pela Petrobras e desenvolve ações pedagógicas de reforço e complementares ao currículo escolar em comunidades de reservas extrativistas que utilizam os manguezais como meio de sustento, incluindo a extração de caranguejo e a pesca.
As atividades abrangem diferentes faixas de idade desde o início da vida escolar. Na Escola Municipal Brasiliano Felício da Silva, na comunidade de Tamatateua, em Bragança, o Clube do Recreio, voltado a crianças de três a seis anos, realiza atividades lúdicas na lógica de “aprender brincando”. Cartilhas sobre os manguezais foram especialmente produzidas para as atividades, com linguagem simples, cores e desenhos, abrangendo inicialmente 163 crianças de duas comunidades.
“Ser criança nos manguezais é conviver com a natureza, enxergando detalhes que só eles conseguem pela paixão de pisar na lama”, enfatiza Freitas. Ela conclui: “É um laboratório vivo de aprendizados, de forma que o principal desafio é preservar o meio ambiente fazendo parte dele, e não só para utilizá-lo depois”.
Já no Clube de Ciências, meninos e meninas a partir dos sete anos de idade participam de encontros teóricos e práticos com cientistas sobre temas dos manguezais, inclusive expedições de campo para conhecer melhor a fauna e a flora típica desse ecossistema. O objetivo é despertar um olhar mais científico, para além do conhecimento empírico que eles já possuem pela convivência com a natureza, semeando a vocação de futuros biólogos ou agentes ambientais.
“No mínimo, essas crianças serão defensoras do meio ambiente quando adultas”, ressalta Adria Freitas, coordenadora do Clube de Ciências, que em dezembro formou a primeira turma de futuros cientistas na Reserva Extrativista Marinha de Tracuateua, no município de Tracuateua, e agora segue para a comunidade do Araí, em Augusto Corrêa.
O Projeto Mangues da Amazônia prevê recuperação de 12 hectares distribuídos em áreas já impactadas em três reservas extrativistas dos municípios de Augusto Corrêa, Bragança e Tracuateua, no nordeste paraense, mobilizando direta e indiretamente cerca de 7,6 mil pessoas. A iniciativa desenvolve estudos para suporte a práticas sustentáveis de manejo do caranguejo-uçá, madeira e outros recursos naturais que se somam ao valor dos manguezais amazônicos pelo serviço climático prestado ao planeta, atraindo jovens a dar continuidade à transferência do conhecimento tradicional entre as gerações.
Na comunidade de Tamatateua, a iniciativa Promangue, desenvolvida pelo projeto, mobiliza jovens estudantes entre 14 e 20 anos em rodas de conversa semanais sobre aspectos ligados aos manguezais e a temas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, com metas ambientais e sociais para 2030 no mundo. “Já temos consciência que é errado desmatar; falta só convencer os pais”, revela o aluno Pedro Henrique Ribeiro, que junto aos demais jovens do grupo contribuiu no trabalho de reflorestamento do manguezal na comunidade.
A partir de janeiro, a expectativa é disponibilizar cursos de informática como oportunidade de qualificação profissional, com participação inicial de 120 jovens e adultos de três reservas extrativistas atendidas pelo Projeto Mangues da Amazônia, nos municípios de Tracuateua (comunidade Nanã), Bragança (comunidades de Tamatateua e Taperaçu) e Augusto Correa (comunidade Araí). Com atividades semanais aos sábados, o objetivo do curso é abordar desde procedimentos básicos de informática até aplicações úteis às comunidades extrativistas.
Sobre o Projeto Mangues da Amazônia @manguesdaamazonia
O Mangues da Amazônia é um projeto socioambiental com foco na recuperação e conservação de manguezais em Reservas Extrativistas Marinhas do estado do Pará. É realizado pelo Instituto Peabiru e pela Associação Sarambuí, em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), e conta com patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental. Com início em 2021 e duração de dois anos, o projeto atua na recuperação de espécies-chave dos manguezais através da elaboração de estratégias de manejo da madeira e do caranguejo-uçá com a participação das comunidades.
Sobre a Associação Sarambuí @sarambui_
A Associação Sarambuí é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) com sede em Bragança – Pará, constituída em 2015, cuja missão é promover a geração de conhecimento de maneira participativa, em prol da conservação e sustentabilidade dos recursos estuarino-costeiros. Nossas ações são direcionadas ao ecossistema manguezal, ao longo da costa amazônica brasileira, em particular no litoral do Estado do Pará. É uma das organizações realizadoras do projeto Mangues da Amazônia.
Sobre o Instituto Peabiru @institutopeabiru
O Instituto Peabiru é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) brasileira, fundada em 1998, que tem por missão facilitar processos de fortalecimento da organização social e da valorização da sociobiodiversidade. Com sede em Belém, atua nacionalmente, especialmente no bioma Amazônia, com ênfase no Marajó, Nordeste Paraense e na Região Metropolitana de Belém (PA). É uma das organizações realizadoras do projeto Mangues da Amazônia.