Em um caso que tem gerado debates sobre direitos LGBTQ+ e políticas educacionais nos Estados Unidos, a professora Melissa Calhoun foi demitida da Satellite High School, localizada no condado de Brevard, Flórida, após chamar um estudante pelo nome com o qual ele se identifica, sem a autorização prévia dos pais.
A demissão de Calhoun, que lecionava Literatura na instituição há 11 anos, é considerada a primeira conhecida resultante da campanha para impedir o reconhecimento de identidades de gênero alternativas no país. Essa política, iniciada na Flórida, tem se espalhado por outros estados com governos republicanos e foi recentemente adotada pelo governo de Donald Trump.
O incidente ocorreu em uma comunidade conhecida por seu conservadorismo e por ser um dos berços do movimento Moms for Liberty. Essa organização política americana é contrária a currículos escolares que abordam direitos LGBTQ+, questões raciais, teoria racial crítica e discriminação.
De acordo com a legislação estadual, funcionários escolares estão proibidos de usar nomes alternativos para os alunos sem a permissão por escrito dos pais. Essa regra se aplica tanto a estudantes que adotam um novo nome devido a mudanças na identidade de gênero quanto àqueles que preferem ser chamados por apelidos.
No caso específico, Calhoun atendeu ao pedido de um aluno cujo nome legal é associado ao gênero feminino, mas que se identifica como menino e solicitou ser chamado por um nome diferente, não presente em seus documentos oficiais.
A situação veio à tona após um dos pais do aluno apresentar uma reclamação ao distrito escolar, que iniciou uma investigação. Segundo a porta-voz do distrito, Janet Murnaghan, a professora admitiu ter usado intencionalmente o nome alternativo sem a devida permissão, o que “viola diretamente a lei estadual” e os procedimentos do distrito.
A professora recebeu uma carta de repreensão e foi informada na semana passada que o seu contrato anual, que expira em maio, não será renovado, embora ela vá concluir o ano letivo, que termina no meio do ano.
“Professores, como todos os trabalhadores, têm que respeitar as leis”, destacou Janet, de acordo com o site “MSN.com”.
O caso provocou reação imediata de moradores da região e de organizações civis.
Mais de 17,5 mil pessoas já assinaram uma petição on-line solicitando a reintegração de Melissa. Alunos realizaram “greve” na tarde de quinta-feira (10/4) em apoio à professora.
“Não houve dano, nenhuma ameaça à segurança, nenhuma intenção maliciosa. Apenas uma professora tentando se conectar com um aluno. E por isso seu contrato não foi renovado, apesar de sua forte dedicação e anos de serviço”, disse Kristine Staniec, especialista em mídia da Satellite High School, ao conselho, cujos filhos foram alunos de Melissa.
Do Ver-o-Fato, com informações do extra.globo