Em uma ação coordenada e inusitada, investigadores da Polícia Civil do Ceará (PCCE) realizaram a prisão do policial penal José Ramony Emanuel de Melo Costa, 29 anos, suspeito de chefiar um esquema de facilitação de entrada de celulares em cadeias de Fortaleza. O servidor, que já atuou como diretor de pelo menos três unidades prisionais da região, foi detido na última quinta-feira (31/10), em uma prisão de Itaitinga (CE), durante uma reunião organizada como isca para efetuar sua captura.
A operação para prender José Ramony, conduzida pela Controladoria-Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD-CE), envolveu uma reunião simulada com um coffee break, realizada dentro da unidade prisional onde ele trabalhava. O policial penal havia sido convidado para o que acreditava ser uma inauguração empresarial, contando com a presença de gestores e membros do corpo diretivo da prisão. Após o intervalo do café, foi encaminhado para a sala da direção, onde policiais civis e penais já aguardavam para efetuar sua prisão.
Investigações e provas apreendidas
A prisão temporária de José Ramony foi convertida para preventiva em audiência de custódia na última sexta-feira (1/11). Além disso, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em locais ligados ao policial penal, resultando na apreensão de diversos celulares, mais de R$ 40 mil em espécie, e um carro de luxo. As quantias apreendidas estavam distribuídas em diferentes pontos de sua residência: R$ 18,3 mil no guarda-roupa de seu quarto, R$ 18 mil em uma maleta no escritório, R$ 5 mil em uma gaveta na sala, e R$ 1 mil em outro quarto. No próprio veículo do servidor, a polícia encontrou mais R$ 3 mil em dinheiro.
Durante a audiência, o policial negou as acusações e alegou que os valores apreendidos seriam destinados ao conserto de seu carro. O agente enfrenta acusações de corrupção passiva majorada e associação criminosa.
Carreira e histórico
José Ramony, natural de Russas (CE), foi admitido em 2021 na Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP), onde recebia um salário bruto de R$ 14.422,94 e líquido de R$ 11.016,13, conforme informações do portal Ceará Transparente. Sua prisão chama a atenção para a vulnerabilidade de sistemas prisionais em relação à corrupção e aos riscos de infiltração de facções criminosas.
Repercussão e medidas de combate à corrupção
O caso repercutiu fortemente entre autoridades e na população, destacando a necessidade de medidas rigorosas de controle e investigação dentro do sistema penitenciário do estado. A Controladoria-Geral de Disciplina reforça seu compromisso em combater práticas de corrupção nas instituições de segurança e apurar as ações de José Ramony. A prisão do ex-diretor representa um passo importante para desmantelar esquemas que prejudicam o funcionamento dos presídios e a segurança pública.
A CGD-CE segue apurando o caso e novos desdobramentos são aguardados para identificar possíveis envolvidos e avaliar a extensão do esquema dentro das unidades prisionais da região.
Com informações do portal Metrópoles