É imperativo que pais e mães mantenham uma vigilância constante sobre quem têm acesso aos seus filhos, especialmente quando essas pessoas se apresentam como figuras de autoridade moral ou espiritual. A prisão desse pastor, acusado de abusar sexualmente de crianças e adolescentes, ontem, em Capão do Leão, no Rio Grande do Sul, deve servir de alerta para todos.
Segundo a Polícia Civil, quatro meninos, todos com idades até 14 anos, teriam sido vítimas dos estupros. Além disso, uma adolescente de 16 anos teria sido vítima de importunação sexual. Conforme o delegado Sandro Bandeira, o homem se aproveitava da condição de líder religioso para obter a confiança dos pais e atrair a atenção das crianças.
“Com o pretexto de ‘estudar a Bíblia’ ou ‘ensinar uma profissão’, ficava sozinho com as vítimas e cometia os crimes”, diz. Os casos foram descobertos após os meninos relatarem os episódios a familiares. As mães, então, registraram boletins de ocorrência contra o suspeito, relatou a policial civil Camila Carvalho.
A investigação apurou indícios da autoria e da materialidade dos crimes. Com base nisso, a Polícia Civil pediu a prisão preventiva à Justiça, que acatou os argumentos e expediu o mandado contra o pastor. O homem, de 41 anos, não teve a identidade divulgada pela polícia.
Ele reside em Capão do Leão, mas foi preso em Pelotas, a 20 km do município. Segundo a polícia, ele estava planejando fugir da cidade. O pastor ficou em silêncio durante o depoimento. Apenas este ano, a Polícia Civil realizou seis prisões preventivas de suspeitos de estupros de vulnerável em Capão do Leão.
Alerta às famílias
Não se pode deixar que a confiança cega em líderes religiosos ofusque o discernimento necessário para proteger o que há de mais precioso: a inocência das crianças.
Esse homem, que usava sua posição para atrair vítimas, fazia isso com o pretexto de “ensinar a Bíblia” ou “oferecer formação profissional”. É preciso entender que os abusadores costumam se esconder em papéis de autoridade, seja como pastores, professores, treinadores, ou até membros da família.
Eles se aproveitam da confiança que os adultos depositam neles, criando uma falsa sensação de segurança. E, enquanto isso, cometem seus crimes longe dos olhares atentos, convencendo as famílias de que estão cuidando e orientando suas crianças.
Esse caso específico revela algo ainda mais perturbador: o silêncio e o medo que cercam as vítimas. Esses meninos, que deveriam estar em um ambiente de proteção e confiança, se viram isolados e aterrorizados, incapazes de revelar os abusos até que a pressão psicológica se tornasse insuportável.
Não se pode subestimar o impacto emocional e psicológico que esse tipo de abuso causa nas crianças. As marcas, muitas vezes, são invisíveis, mas profundas, afetando o desenvolvimento emocional e a capacidade de confiar em outros adultos no futuro.
Abuso infantil
É crucial que pais e responsáveis conversem abertamente com seus filhos sobre o que é um comportamento adequado e inapropriado, sem medo de tratar desse assunto. Explicar às crianças que ninguém tem o direito de tocar ou se comportar de maneira inadequada com elas, seja um amigo, um parente ou até mesmo um líder religioso, é uma conversa essencial.
Além disso, criar um ambiente seguro em casa, onde as crianças se sintam à vontade para compartilhar qualquer desconforto ou situação estranha, pode ser o primeiro passo para evitar que abusos aconteçam.
O abuso infantil é uma questão séria e, lamentavelmente, frequente. Este ano, só em Capão do Leão, seis pessoas foram presas preventivamente por crimes de abuso sexual de vulneráveis. Isso indica que a violência contra crianças está mais próxima do que muitas vezes percebemos. A prevenção começa com a informação e a conscientização. Cabe aos pais, familiares, e até a comunidade estar atentos aos sinais de que algo pode estar errado.
É importante que todos entendam que o verdadeiro caráter de uma pessoa não se mede apenas pela posição que ela ocupa na sociedade, ou pelo cargo que detém em uma igreja. Pessoas com más intenções podem se esconder atrás de títulos e cargos para se aproximar de suas vítimas.
O caráter pedagógico desse alerta é claro: ninguém deve ser colocado acima de suspeitas quando se trata da segurança das crianças. Instituições religiosas, escolas, e comunidades devem trabalhar juntas para criar ambientes seguros, livres de qualquer tipo de abuso ou exploração.
Fique atento. Seja vigilante. A proteção das crianças deve ser a prioridade absoluta, e esse compromisso começa dentro de casa, com diálogo, orientação e, principalmente, o entendimento de que nem todos que se dizem líderes ou exemplos são dignos da confiança que buscam. O papel dos pais e mães é crucial na prevenção desses crimes.