No estado, 1.348.871 são beneficiários do programa (cerca de 5 milhões de pessoas, se levarmos em conta a média de quatro pessoas por família dependente, enquanto há 955.656 empregos com carteira assinada: diferença de quase 400 mil.
A realidade social do Pará é, sem dúvida, um reflexo contundente da miséria financeira que aflige grande parte da população, perpetuada por anos de políticas assistencialistas que fazem pouco além de garantir a manutenção do poder nas mãos dos oportunistas de sempre. No caso do Pará, sob o comando da família Barbalho, o cenário é desolador.
O estado é um dos principais berços do programa Bolsa Família nas regiões Norte e Nordeste, onde a dependência do benefício sobrepõe-se à criação de oportunidades reais de emprego e renda.
Para se ter uma ideia, números mais recentes do governo federal apontam que no Pará existem 1.348.871 beneficiários do programa (cerca de 5 milhões de pessoas, se levarmos em conta a média de quatro pessoas por família dependente, num universo de 8,5 milhões de habitantes), enquanto as pessoas empregadas no estado, com carteira de trabalho assinada, alcançam 955.656, uma diferença de 393.215. Ou seja, há muito mais Bolsa Família que empregos no estado.
A triste fórmula que mantém o Pará nesse ciclo de atraso combina assistencialismo barato, captação de votos e alienação das massas por meio de uma propaganda governamental incessante, que mascara a precariedade de políticas públicas efetivas.
Em números, o Pará é um espelho da vergonhosa realidade de muitas regiões do Norte e Nordeste. No Brasil, 13 dos 27 estados possuem mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada, quando se exclui o setor público. O Bolsa Família, que deveria ser um programa temporário de apoio, virou a principal âncora de sobrevivência para milhões de famílias.
Em estados como o Maranhão, por exemplo, a disparidade é alarmante: há mais de 1,2 milhão de famílias no programa, em contraste com apenas 641 mil empregos formais. A cada emprego formal, duas pessoas dependem do Bolsa Família. E o Pará, infelizmente, não está longe dessa realidade.
Ao mesmo tempo, os dados do mercado de trabalho demonstram uma leve recuperação: em janeiro de 2023, os beneficiários do Bolsa Família representavam 50% dos trabalhadores formais do país, número que caiu para 45,8% em fevereiro de 2024. Entretanto, essa redução não significa uma virada econômica significativa.
A dependência de programas de transferência de renda, que explodiu entre 2020 e 2022, durante a pandemia e o período eleitoral, continua a ser uma marca da política do governo, em detrimento de soluções estruturais que promovam autonomia financeira para a população.
Assistencialismo barbalhista
No Pará, onde a propaganda governamental é quase onipresente, a ilusão de progresso é bombardeada diariamente sobre uma população que, em sua maioria, continua à margem do desenvolvimento econômico real. Helder Barbalho e sua família investem em um assistencialismo de quinta categoria, que mais serve para garantir sua perpetuação no poder do que para promover qualquer tipo de inclusão social significativa. É um jogo de poder em que o povo, relegado ao papel de massa de manobra, continua preso às algemas do atraso e do subdesenvolvimento.
Mas o que precisa ser feito para romper com esse ciclo? A resposta é clara, ainda que complexa em sua execução. Primeiro, é necessário um investimento sério e planejado em educação e qualificação profissional, para que a população possa sair da dependência de programas assistencialistas e entrar no mercado de trabalho formal.
Em segundo lugar, é essencial criar condições reais para a atração de investimentos privados, algo que passa por reformas econômicas e melhorias na infraestrutura local, além de garantir segurança jurídica para empresas que queiram se instalar no estado. Sem isso, continuaremos reféns de uma economia baseada em transferência de renda e captação de votos.
Enquanto o governo continuar a se esconder atrás de propagandas enganosas e usar programas como o Bolsa Família como ferramenta política, o Pará seguirá preso a uma política de manutenção do poder às custas da miséria de seu povo. É preciso muito mais do que assistencialismo. É preciso vontade política para mudar, e essa vontade, até agora, parece não fazer parte do plano de quem comanda o estado.
Melhor mesmo é manter o povo na miséria e dependente de programas assistencialistas governamentais. Assim, fica mais fácil de manipular, principalmente em época de eleições como agora.
O MAPA DO ATRASO