O adolescente negro Kauan Henrique Oliveira, de 15 anos, foi internado em estado crítico no Hospital Regional de Redenção, com ferimentos na cabeça e no corpo, depois que foi espancado e levou coronhadas na cabeça, desferidas por um policial militar à paisana, na manhã da última terça-feira (3), em Ourilândia do Norte, na Região do Araguaia, sul do Pará.
As denúncias foram feitas pela mãe do garoto, Camila Oliveira Santos, de 34 anos, que identificou o agressor como Valmir Navarro, um policial militar de folga, que estaria embriagado na hora em que a vítima passou de motocicleta na frente da casa dele.
Segundo ela, o militar estava bebendo na frente da casa dela, na Rua 8, no Residencial JP, no Bairro Bela Vista, quando viu o garoto passar de moto e mandou que ele parasse, já com uma arma de fogo na mão. Em seguida, o militar deu um pisão e derrubou a moto por cima da vítima, passando depois a espancá-la.
Valmir Navarro teria dito que o adolescente “apanhou porque mereceu, pois era negro” e que “todo negro era vagabundo e ladrão”. A mãe do menor disse que o caso aconteceu por volta de 10 hora da manhã do dia 3 e logo em seguida ela foi avisada pelo filho. “Quando eu cheguei no local, três policiais militares apreenderam a moto e fizeram o meu marido levar o veículo para a Delegacia, mas não prenderam o agressor, que estava alcoolizado e muito alterado”, disse ela.
“Várias testemunhas viram o meu filho ser espancado pelo policial embriagado e disseram que o garoto não tinha feito nada de errado, inclusive nós sabemos que tem imagens da câmera de um vizinho mostrando o espancamento”, apontou a mãe.
Na Delegacia da Polícia Civil, a delegada Fabíola Vidotti Cândido abriu inquérito para apurar o fato, mandou o adolescente para exame de corpo de delito e ouviu várias testemunhas. Conforme a mãe do garoto, o policial agressor foi indiciado por tentativa de homicídio, pois o laudo apontou que houve sangramento pelo ouvido e perigo de morte.
Pai e mãe da vítima também vão responder a processo por permitirem que ele pilotasse a moto sem habilitação.
Lesões na cabeça e nariz quebrado
De acordo com o prontuário de entrada do Hospital de Redenção, o motivo da internação do menor foi “traumatismo intracraniano não especificado”.
O garoto deu entrada naquela unidade de saúde, encaminhado pelo Hospital de Ourilândia do Norte, onde houve o primeiro atendimento, “vítima de agressão física, desorientado, confuso, glasgow 12, com presença de hematomas em face, com otorragia, escoriações mais fratura do nariz”.
O adolescente teve alta do hospital no dia seguinte e está em casa sob observação. A mãe dele informou ao Ver-o-Fato que o garoto ainda está desnorteado e deve voltar a ser atendido após um período de três dias após as agressões.
O militar acusado das agressões não foi afastado do cargo pelo comando da PM local e teria feito ameaça às pessoas que prestaram depoimento sobre o crime. Ele também teria ameaçado o vizinho que estaria de posse das imagens que mostram o espancamento.
Veja os laudos e as imagens do caso: