Uma execução brutal e sem justificativa chocou a população de Paragominas, no leste do Pará. Na noite do crime, 22 de junho de 2019, a vítima, identificada como Marleide Franco Barbalho, de 36 anos, que deixou duas filhas pequenas, estacionou a motocicleta na frente de uma ótica onde iria fazer exame. E foi assassinada de forma fria e cruel pelo empresário identificado como Thiago Nunes Dias, conhecido como “Thiaguinho”, “Mete o Louco” e “Crazy”.
O motivo? O farol da moto da vítima ofuscou a visão do acusado, que estava embriagado dentro do carro dele, estacionado na frente de uma lanchonete de propriedade dele. Diversas testemunhas presenciaram o crime e reconheceram o acusado. Oito testemunhas foram convocadas durante o inquérito.
Julgado na última quarta-feira, 26, ele foi condenado a 28 anos de cadeia e imediatamente preso por ordem do juiz Márcio Rebelo, que presidia a sessão de julgamento. Thiago foi submetido a júri popular na comarca de São Miguel do Guamá, para onde o processo foi desaforado em razão do poder econômico do criminoso em Paragominas e possíveis influências no julgamento.
Narra a denúncia do Ministério Público de Paragominas que, de acordo com as investigações, ao perceber o farol da moto em sua direção, o empresário desceu furioso do seu veículo, discutiu com Marleide e, sem qualquer hesitação, sacou sua arma e disparou duas vezes contra ela, atingindo-a diretamente no rosto. A vítima não teve qualquer chance de defesa e morreu no local.
Logo após cometer o crime, o acusado fugiu em alta velocidade, dirigindo embriagado e na contramão da movimentada avenida Castelo Branco, em direção ao Terminal Velho. O crime gerou uma rápida ação policial. Ao analisar imagens das câmeras de segurança da região, os agentes confirmaram a autoria do homicídio e iniciaram uma operação para localizar o foragido.
Caçada e prisão
A caçada ao criminoso durou horas. A polícia recebeu informações de que o acusado havia empreendido fuga pela BR-010 em um veículo Fiat Toro branco. O carro foi localizado nas proximidades da cidade de Aurora do Pará, onde foi interceptado pelas autoridades.
Mas essa não foi a única atitude violenta de Thiago naquela noite. Horas antes da execução, o empresário já havia ameaçado clientes de um estabelecimento comercial em Paragominas, apontando uma arma de fogo para frequentadores do local. Testemunhas relataram que ele estava alterado, exibindo a pistola e se comportando de maneira agressiva.
O Ministério Público detalhou, na denúncia, que o acusado passou a noite bebendo desenfreadamente, consumindo cerca de um litro de vodka e usando cocaína tanto no dia anterior quanto na noite do crime. Segundo os autos, ele passou um longo período embriagado dentro do carro, ouvindo música alta e portando ilegalmente uma arma de fogo.
Mesmo sem a realização do teste do etilômetro, ficou evidente que Thiago estava sob forte efeito de álcool e drogas ao dirigir, caracterizando o crime de embriaguez ao volante. A Lei nº 12.760/12 prevê que a condução de veículo com capacidade psicomotora alterada por substâncias psicoativas é crime, e o próprio denunciado confessou seu estado durante depoimento na delegacia.
As provas contra ele eram robustas: depoimentos de testemunhas, perícia necroscópica, relatórios médicos, registros de câmeras de segurança e o auto de exibição e apreensão da arma utilizada no crime.
Ao final do julgamento, o juiz Márcio Rebelo decretou a prisão preventiva do empresário, que chegou ao tribunal em liberdade, mas saiu algemado. Justiça feita.