O levantamento que vem sendo feito desde o início deste ano pelo Ver-o-Fato, sobre as ocorrências de crimes violentos, principalmente homicídios, registrados por todo o Pará, dá uma ideia de que há vários tipos de potenciais assassinos e assassinas andando nas ruas, esperando uma oportunidade para entrar em ação.
Na prática, este levantamento vem constatando que os autores e autoras dos crimes contra a vida pertencem a todas as camadas da sociedade, desde os impetuosos – que explodem em fúria por um motivo qualquer – até os mais perversos, que planejam a execução da vítima com requintes de crueldade.
Na semana que passou, um fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda foi sequestrado, torturado e decapitado, depois de ser atraído para uma cilada; uma biomédica matou a outra atropelada por causa de um homem; uma mulher trabalhadora foi estrangulada; um atirador matou três homens a tiros de um só empreitada e vai por aí.
Nos últimos sete dias, de 20 fevereiro até agora, ao menos 23 homicídios ocorreram no Pará e dessa forma, desde o início deste mês, o número desse tipo de crime subiu, até o momento da publicação desta matéria, para 66.
Somados aos 79 assassinatos registrados em janeiro, o número chega agora a 145, nestes dois meses de 2023, uma média de 2,4 homicídios por dia. Somente na semana de Carnaval, de 17 a 21 de fevereiro, foram registrados, pelo menos, 19 homicídios, o que mostra a escalada da violência, ainda mais em épocas de festejos e bebedeiras.
Houve ainda na semana, mais quatro confrontos entre suspeitos e homens da Polícia Militar e a Polícia Civil com resultado morte. Assim, o número de enfrentamentos subiu para 48 desde o início do ano, sendo que dois sargentos da PM foram mortos em combate.
Estes números são baseados em informações divulgadas por portais de notícias de todo o Pará, uma vez que o governo estadual não disponibiliza estes dados para o público.
Crimes que abalaram a população
O assassinato brutal do fiscal da Sefa, Daniel Batista Paniago de Miranda, no domingo de Carnaval (19), praticado por um grupo criminoso, que incluía pessoas com quem ele se relacionava, teve grande repercussão em todo o Estado, devido principalmente à extrema violência empregada no crime e ao cargo que a vítima ocupava.
.Ele foi atraído para uma cilada em Abaetetuba por uma mulher que é casada com um ex-funcionário dele, que se passou pela filha menor de idade, e que sabia tudo a respeito do fiscal. A motivação seria vingança e ganância, segundo declarou uma suspeita presa com o marido que era o dono da arma usada no crime.
Amarrado, torturado, roubado e decapitado, o corpo do fiscal só foi encontrado na sexta-feira (24), em uma área de mata, já no município de Barcarena, também na Região do Baixo Tocantins, no nordeste paraense. O fato dos criminosos cortarem a cabeça do fiscal, porém, não foi um ato isolado, já que vem se repetindo no Pará.
A Polícia Civil ainda procura outros envolvidos no crime, mas já o considera esclarecido e que teria casos de pedofilia como gatilho para a explosão de ódio dos envolvidos.
Outro crime de grande repercussão ocorreu em Santarém, na Região do Baixo Amazonas, oeste do Pará, na quarta-feira de cinzas, onde a biomédica Jussara Nadiny Cardoso Paixão, de 24 anos, jogou o carro em cima, atropelou e matou a também biomédica Libia Tavares dos Santos, de 29, com ciúmes por causa do namorado.
Segundo a polícia, as duas começaram a discutir em um bar e continuaram na rua, com a acusada perseguindo de carro a vítima, também de carro. Ao descer de seu veículo, a vítima, que era ex-namorada do atual da acusada, foi morta por atropelamento.
Agora, Jussara Paixão está presa preventivamente à disposição da justiça. O pivô do crime não teve o nome divulgado. Os outros homicídios citados nesta matéria foram publicados por vários veículos de comunicação, com mais detalhes.