O acesso ao Projeto Salobo, da mineradora Vale, em Marabá, foi interditado durante a manhã desta segunda-feira (18), por um protesto de familiares e amigos do jovem garimpeiro Jesiael da Silva Lucena, de 24 anos, morto durante uma ação da Polícia Militar, na semana passada, dentro de uma área de mata.
O pai do jovem, Josias Nunes Lucena, dono de garimpo, que liderou a manifestação, contestou a versão da Polícia Militar e da empresa que presta serviço de segurança à Vale, de que o rapaz pertenceria a uma facção criminosa e que teria reagido à abordagem policial.
De acordo com a ocorrência registrada pela Polícia Civil, na última quarta-feira (13), durante uma operação nas margens do Rio Azul, em uma área de mata, em Marabá, Jesiael Lucena, um irmão e um grupo de garimpeiros estavam tirando ouro dentro do rio, quando o rapaz teria reagido à abordagem da PM e no confronto, ele acabou baleado e morreu.
O pai pediu justiça pela morte do filho e negou a versão da PM e da empresa de segurança. Josias Lucena disse que trabalha na área onde aconteceu a intervenção policial desde 1990 e seus filhos desde 2016 na extração de ouro. Ele afirmou o filho era trabalhador e não tinha qualquer ligação com facção criminosa e que também não atirou contra os policiais.
Armas descarregadas
Segundo ele, as duas espingardas encontradas no local e apreendidas pela PM estavam descarregadas. As duas armas são de fabricação artesanal, conhecidas na Região do Carajás como “por fora”. Ele acusou os seguranças de passarem informação errada para a PM, dizendo que os dois irmãos garimpeiros eram do PCC e estavam fortemente armados dentro do Rio Azul.
“Os dois estavam com duas espingardas ‘por fora’ descarregadas e não reagiram. Eles estavam saindo com o ouro e os policiais começaram a atirar. Deita, deita, deita… O primeiro foi baleado no ombro, quando ainda estava dentro do barranco e jogou a espingarda fora, dizendo que estava descarregada. O outro jogou a outra arma dentro do rio, também gritando que estava descarregada… Eles gritaram para os dois virarem os rostos e deram um tiro no meu filho no estômago”, afirmou o pai dos dois garimpeiros.
Outros garimpeiros que estavam na hora prestaram depoimento na Delegacia da Polícia Civil e foram liberados. Eles disseram que o jovem morto era trabalhador e não tinha nenhuma ligação com qualquer grupo criminoso.