Pascoal Gemaque – jornalista
Amanhã é segunda-feira e milhões de alunos da rede pública de ensino não terão aula no Brasil.
Amanhã é segunda-feira e milhares de servidores das secretarias de educação de Estados e municípios brasileiros – e até do MEC – farão o que sempre fazem: fingirão preocupação com os milhões de alunos que não assistirão aula na segunda, terça, quarta, na semana toda, no mês, no ano…
Amanhã é segunda-feira e sindicalistas da educação continuarão pensando em meios de protelar a volta às aulas, fortalecendo-se politicamente, tentando enfraquecer governos e prefeituras e ferrando com a vida de milhões de estudantes.
A hora do recreio nas escolas do Brasil já dura quase dois anos.
Usando a pandemia da Covid-19 como argumento, burocratas da educação e sindicalistas mantêm milhões de alunos sem aulas, com acesso precário ou nenhum acesso às aulas.
A qualidade da internet no Brasil é ridícula. Crianças sobem em árvores em busca de sinal ou caminham horas em estradas de terra até a baiuca com wi-fi mais próxima.
O dinheiro que os governos destinam ao auxílio merenda beira a humilhação. Até uma família de venezuelanos na esquina consegue mais alimento.
Mas, todos, burocratas e sindicalistas, juram que lutam pela qualidade do ensino público. Logo após deixarem seus filhos na porta da escola particular mais próxima.
A geração escolar brasileira que nasce dos “anos pandêmicos” é natimorta.
Enquanto isso, nesse eterno recreio, governadores, prefeitos e sindicalistas brincam de cabo de guerra.
Na Matemática, subtração. Na Língua Portuguesa, um grande erro de concordância. Na Geografia, uma caverna escura e sem fundo. Na História, um genocídio educacional.
No sino que anuncia o fim desse recreio, o badalo é de borracha.