O mês de junho acabou, mas antes trouxe à tona mais um escândalo envolvendo um amigo e aliado político do presidente Bolsonaro. As denúncias são contra o agora ex-presidente da Caixa – Pedro Guimarães -, são relatos de assédio sexual e moral.
Desesperadas e sem saber ao certo o que fazer para parar todo aquele abuso, várias funcionárias fizeram denúncias. Pedro Guimarães era um dos nomes mais presentes nas lives e espaços de comemoração de Bolsonaro, estava na Presidência do banco desde o início do governo.
As denúncias incluem toques íntimos sem nenhuma autorização, convites descabidos sem relação com o trabalho, abordagens verbais com total teor abusivo. Parece que esse senhor fazia de tudo para tornar o ambiente de trabalho mais confortável aos seus assédios, mas mais insalubre às funcionárias. Relatos dão conta que havia certo “privilégio” àquelas consideradas bonitas pelo presidente do banco, como ascensão na hierarquia funcional mesmo sem cumprir os critérios estabelecidos.
A saída de Pedro Guimarães do cargo foi negociada pelo presidente da República, fruto da forte pressão nacional que as denúncias causaram. A cada dia mais mulheres rompem o silêncio em casa, no trabalho, na escola, na igreja, e denunciam situações de violência e abuso, e essa coragem cada vez maior é fruto da luta feminista e do avanço das nossas conquistas, mesmo que ainda tenhamos tanto a arrancar de conquistas e direitos.
É repugnante qualquer demonstração, postura, ação abusiva e no ambiente de trabalho, infelizmente, é comum alguns chefes/patrões se utilizarem da relação hierárquica, financeira, para obter ganhos sexuais. Além dos relatos da postura repulsiva de Pedro Guimarães referente ao assédio sexual, após a demissão deste também surgiram áudios do enorme assédio moral que o mesmo exercia com seus funcionários. De xingamentos a intimidação visto que o ex-presidente da Caixa ameaçava de punição quem vazasse as conversas abusivas.
Assim como existe uma estrutura misógina que garante que a cultura do estupro seja algo normalizado, que causa menos comoção esse ato abominável e seguinte gravidez de uma criança, do que o aborto (mesmo em caso de estupro), essa estrutura também garante que o assédio sexual no ambiente de trabalho seja prática rotineira.
Como dizem alguns especialistas, essa violência é uma pandemia silenciosa, muitas mulheres, por medo de perderem o emprego, não denunciam e acabam também adoecendo mentalmente.
O Pedro Guimarães foi demitido da Presidência da Caixa, mas só isso não basta. Que haja investigação rigorosa, e sem interferência de Bolsonaro. Esse é mais um caso escandaloso que comprova que há critérios básicos pra ser amigo/aliado do Jair, tais como: ser misógino, racista, corrupto e assediador.
Basta de assédio, de violência. Por um Mundo seguro às mulheres!
- Gizelle Freitas é Assistente Social e Mestra em Serviço Social pela UFPA. Especialista na Lei 10.639/03 que prevê o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Militante feminista antirracista.