O dinheiro do ingresso foi revertido em cerveja, o da passagem em churrasco e o do “gatinho”, em fogos. O RE x PA sem torcedores na arquibancada foi recheado de zoação por Belém afora.
Meu amigo prometeu ir ao trabalho com máscara do Remo, caso o resultado fosse positivo. Se fosse negativo, se daria folga. Mas estava confiante, sorridente, não parava de falar no jogo, aliás, os remistas tinham mesmo motivo para isso. O Paysandu não dava nenhum indício de que ganharia.
Os remistas chegaram cedo nos bares, pedindo logo sua breja para começar os trabalhos. E haja risada, grito e som alto. Os bicolores chegaram tímidos, escolheram os lugares mais afastados, se focaram no celular ou no rádio, moderação.
O jogo começa. Gol do Remo. Festejo. O campeão voltou. Dá o intervalo e o gol é comemorado interminavelmente. Quem é Remo pede pra descer mais duas, quem é Paysandu, demora meia hora no mesmo copo.
O jogo recomeça. Paysandu pressionando e o Remo com 4, isso mesmo, quatro volantes. As duas torcidas tensas. Passa dos 30 e começa a zoação dos remistas antes da hora, eis o que nunca fazer em um RE x PA, mesmo que todo panorama do universo te dê certeza da vitória.
Gol do Paysandu, empate. A culpa é do técnico, reclamam; outros dizem ser do juiz, protestam. Os bicolores se soltam e, agora de pé, começam as cantorias e fogos.
O Paysandu virou. Pronto, agora sim foi festa bicolor. Pessoas que não se conhecem, se abraçam, ninguém quer mais saber do jogo, tiram a camisa, pedem mais cerveja. Dá-lhe churrasco, zoação e, do nada, alguém aparece com um caixão de papelão com um leão em cima.
O carnaval tá posto. Depois de meia hora, até os remistas esqueceram um pouco da derrota e se juntaram ao rival. Esqueceram por alguns momentos o ano difícil que vivemos. E o “funeral” rolando solto, haja chamada de vídeo para encarnar num amigo.
O dono do bar feliz da vida, o churrasquinho de gato, também. Nem parece que no dia seguinte tinha trabalho, já às 7 horas da manhã.
O RE x PA é um momento de abraço do paraense consigo mesmo.
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