O que é a Quarta-Feira de Cinzas? É feriado? O que pode e o que não pode durante a Quaresma? Essas são perguntas que muita gente faz.
A Quarta-Feira de Cinzas tradicionalmente é a data que marca o fim da folia e o início de um tempo de recolhimento — como se fosse necessária uma fronteira entre a festa da carne e o período de penitência chamado de Quaresma.
Para católicos praticantes, a Quarta-Feira de Cinzas é uma celebração rica em significado e necessária para a preparação rumo à Páscoa, 40 dias mais tarde.
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Nas missas, há um momento em que o padre e seus ministros abençoam cada um colocando um pouquinho de cinzas sobre a cabeça ou fazendo uma cruz na testa. Há duas possibilidades de frase a serem ditas neste momento, cabendo ao sacerdote decidir.
“Convertei-vos e crede no Evangelho” é um lembrete da necessidade cristã de mudança de vida, de abrir mão dos prazeres em prol de uma experiência mais próxima de Deus; “Das cinzas vieste, às cinzas retornarás” recorda a brevidade da vida.
“Esse dia nasceu como uma manifestação de devoção popular entre os séculos 3º e 4º. Os cristãos, nesse dia, para se prepararem para a Quaresma, impunham sobre si as cinzas em sinal de penitência pública”, explica a vaticanista e historiadora Mirticeli Medeiros, pesquisadora de História do Cristianismo na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Para o historiador, teólogo e filósofo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, a celebração surgiu “nas comunidades cristãs primitivas” como referência ao início do período de preparação para a Páscoa. “Nasce junto com esse costume de se guardar os 40 dias do que chamamos de Quaresma”, diz ele. “É um período que marca momentos de reflexão, de arrependimento, de renovação espiritual”, explica.
O rito foi oficializado na liturgia pelo papa Gregório Magno (540-604), na virada do século 7º. “Foi chamada por ele de ‘capite ieiunii’, ou seja, o dia em que se começava o jejum”, pontua Medeiros. A pesquisadora conta que, conforme relatos antigos, no início a cerimônia era realizada em Roma sempre “em silêncio” e pessoalmente pelo papa, “que organizava uma procissão nos arredores da Basílica de Santa Anastácia e Santa Sabina”.
O que é a Quarta-Feira de Cinzas? Quais as referências bíblicas sobre isso?
Domingues explica que as cinzas carregam duas simbologias. A primeira é a ideia da efemeridade da vida, do fato de que quando Deus disse [no Antigo Testamento] de que das cinzas viemos e às cinzas voltaremos, era para lembrar que o ser humano é pequeno diante da grandeza de Deus.
“A segunda questão é a do arrependimento, da penitência. Aí é uma leitura cristã, já do Novo Testamento, porque Cristo, segundo os evangelhos canônicos questionou algumas tradições do mundo judaico […], o legalismo de alguns doutores da lei. [Nesse contexto], no período da quaresma ele começa com essa reflexão interna da importância do arrependimento, da penitência, de reformular o que nós somos e como estamos vivendo”, afirma Domingues.
Na bíblia, no livro do Gênesis, o primeiro do Antigo Testamento, há a reprodução de um diálogo que Deus teve com Adão explicando a ele como seria a vida fora do Éden. “No suor do teu rosto comerás o pão, até voltares ao solo, pois dele foste tirado. Sim, és pó e ao pó voltarás”, diz o versículo.
Mais adiante, no mesmo livro, há uma passagem em que Abraão afirma “vou ousar falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza”.
Já no livro de Jó, um versículo orienta “repetis à exaustão máximas de cinza, torres de argila são vossas defesas”. No segundo livro de Samuel, diz-se que “Tamar tomou cinza e derramou sobre a cabeça, rasgou sua túnica de princesa, pôs as mãos na cabeça e afastou-se gritando”.
“Ele se agarra à cinza, seu coração enganado o desvia: ele não se verá libertado”, lê-se em Isaías.
“E também como sinal de arrependimento, em [no livro de] Jonas, o povo se veste de cinzas, cobre a cabeça de cinzas em sinal de arrependimento e penitência”, comenta o padre Lima. “Eles proclamaram um jejum e se vestiram de sacos, desde os grandes até os pequenos […]. Ele se levantou do trono, tirou o manto real, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza”, diz o trecho bíblico.
No livro dos Números, está escrito que “para este homem impuro, tomar-se à cinza do brasileiro do sacrifício pelo pecado”.
Por fim, no Novo Testamento, há relatos que associam passagens de Jesus à simbologia das cinzas. Quando ele lamenta sobre as cidades da Galileia que não se renderam à sua palavra, diz que “cobertas de saco e cinza, elas se teriam convertido”, segundo narração do Evangelho de Mateus.
Do que são feitas as cinzas?
As cinzas distribuídas na Quarta-feira de Cinzas são obtidas a partir da queima de um produto de outra missa, realizada no ano anterior. “Pela práxis oficial, as cinzas provêm das folhas do domingo de Ramos, celebrado no ano precedente. Acrescentam a elas agua benta e incenso”, diz a historiadora Medeiros.
“Eles queimam os ramos usados na liturgia do ano passado e essas cinzas são guardadas para o ano seguinte. Isso mostra o ciclo da liturgia e da vida cristã, que nunca acaba, fecha um ciclo e começa outro”, acrescenta Domingues.
Ele finaliza dizendo que a Quarta-feira de Cinzas não é um momento de ânimo negativo. “Não é tristeza. É penitência, é conversão, é mudança de vida. É preciso lembrar isso”, comenta.
Quarta-feira de Cinzas no Pará: veja horários das missas na região metropolitana de Belém
- Catedral Metropolitana – Missa às 7h, 9h,19h, às 11h Igreja São João e às 18h Igreja do Carmo
- Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré – Missa às 7h, 9h, 12h e 18h
- Santuário Nossa Senhora da Conceição – Missa às 7h e 18h30
- Santuário São Judas Tadeu – Missa às 16h e 19h
- Santuário Nossa Senhora do Ó – Missa ás 7h e 18h30
- Santuário Santa Rita de Cássia – Missa às 7h e 19h
- Santuário do Bom Remédio– Missa às 7h, 9h e 19h
- Santuário São João Batista e Nossa Senhora das Graças – Missa às 7h e 11h
- Santuário Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa – Missa às 19h
- Paróquia Arcanjo São Miguel (Una) – Missa às 19h
- Paróquia Ascensão do Senhor (Icuí) – Missa às 19h30
- Paróquia Divina Misericórdia – Missa às 8h e 19h
- Paróquia Imaculada Conceição (Outeiro) – Missa às 07h
- Paróquia Jesus Bom Samaritano – Missa às 7h30 e 19h30
- Paróquia Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo – Missa às 9h e 19h
- Paróquia Nossa Senhora da Conceição – (Mosqueiro) -Missa às 7h e 18h30
- Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Cidade Velha) – Missa às 7h e 18h
- Paróquia Nossa Senhora de Fátima (Fátima) – Missa às 7h30 e 18h30
- Paróquia Nossa Senhora de Nazaré (Marituba)– Missa às 18h
- Paróquia Nossa Senhora Mãe da Divina Providência – Missa às 7h e 19h
- Paróquia Sagrada Família – Missa às 19 h
- Paróquia Santa Luzia – (Jurunas) – Missa às 19h
- Paróquia Santa Maria de Belém – Missa às 19h
- Paróquia Santa Maria Goretti – Missa às 19h
- Paróquia Santa Rosa (Benevides) – Missa às 19h
- Paróquia Santa Teresinha (Tenoné) – Missa às 19h
- Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus (jurunas)– Missa às 6h30, 18h e 20h
- Paróquia Santíssima Trindade – Missa às 7h, 10h,18h30 e 8h30 Igreja do Rosario
- Paróquia Santo André Apóstolo – Missa às 19h
- Paróquia Santo Antônio de Lisboa (Batista Campos) – Missa às 6h30, 17h e 19h
- Paróquia São Benedito – Missa às 19h
- Paróquia São Francisco de Assis- (Benevides/Murinin) – Missa às 7h e 19h
- Paróquia São Francisco de Assis (Icoaraci) – Missa às 19h
- Paróquia São Francisco de Assis (Tapanã) – Missa às 20h
- Paróquia São Francisco Xavier – Missa às 19 h
- Paróquia São Geraldo Magela – Missa às 10h e 19h
- Paróquia São João Paulo II -Missa às 18h
- Paróquia São Jorge – Missa às 7h e 19h
- Paróquia São José (Doca) – Missa às 7h 11h e 19h
- Paróquia São Lucas Evangelista – Missa às 7h e 19h
- Paróquia São Miguel – (Cremação) Missa às 7h30 e 18h30
- Paróquia São Pedro e São Paulo – Missa 7h e 18h30
- Paróquia São Pio X– Missa às 8h
- Paróquia São Raimundo Nonato – Missa às 6h30 e 18h
- Paróquia São Sebastião – Missa às 19h
- Paróquia Transfiguração do Senhor – Missa às 19h