Quando o médico me diagnosticou com coronavírus, me receitou um remédio chamado Azitromicina. Ele fez questão de ressaltar que não havia nada comprovado que aquilo me ajudaria, mas que em algumas pessoas tinha dado certo. Na hora senti medo de que comigo não desse certo.
Foi muito difícil conseguir o remédio, tive medo de não achar e o pior acontecer. Quando o consegui, tive medo do que os efeitos colaterais estavam me causando, mas também medo do que estava sentindo no peito e, supostamente, só o medicamento poderia atenuar. Que confusão.
Medo da febre não passar. Medo de não voltar a sentir cheiro. Medo de passar para alguém que amo. Medo de perder um familiar. Medo do dinheiro acabar. Medo de não voltar com todo o gás para os estudos do concurso. Medo!
Desde pequeno pensamos no que acontece depois da morte. Será que é o fim? Será que a consciência se preserva? Enfim. Algo como esse panorama de incerteza permeia nosso período de pandemia, com agravo se você está infectado. Parte disso é preenchido com religião, conhecimento ciêntífico, esperança. Mas o monstro parece sempre ser maior.
Já evitei ver jornal demais. Tento fugir das redes sociais. Ver um filme. Mas a incerteza e o medo parecem ser onipresentes. A sensação é que ninguém sabe de nada. Se antes o destino era incerto, agora parece que ainda mais. Se é que isso é possível.
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