Num espaço de apenas cinco dias, o Brasil perdeu, em 2014, dois titãs de sua cultura.
Rubem Alves no dia 19 de julho.
E, Ariano Suassuna, no dia 24, do mesmo mês.
Três anos antes, os dois tinham se encontrado na Feira do Livro de Poços de Caldas.
Rubem, nos obituários dos meios de comunicação, foi apresentado como “um dos intelectuais mais respeitados do Brasil”.
Porque conseguira, nas suas destacadas atuações pública e profissional, juntar competências de pedagogo, filósofo, poeta, ensaísta, cronista, teólogo, e, psicanalista. Mas para muitos brasileiros de todas as regiões do País, que o amaram, ele era sobretudo outra coisa.
O encantador contador de histórias que escrevia livros infantis.
Marcos, seu filho, disse para os jornalistas, no seu período de luto:
– O legado que ele deixou é o de quem mostrou que a gente pode ser muito feliz com as coisas simples: o vento, as árvores.
Ariano,como é amplamente sabido, foi o talentoso defensor da cultura nordestina, que escreveu o “Auto da Compadecida”.
Seu corpo foi velado pelo “Brasil oficial”, como afirmou a neta dele, Germana, num discurso de despedida.
Ela se referia à, então, presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, e aos ministros, governador e arcebispo que estiveram no velório de Ariano.
Germana acrescentou:
– Mas, na verdade, Ariano gostava mesmo era do “Brasil real”.
Do país como o das pessoas para as quais ele tinha dado suas aulas-espetáculos, até dias antes de morrer.
E que encheram as ruas de Recife para aplaudir a passagem de seu féretro, num carro de bombeiro.
E, depois, jogaram pétalas de flores sobre seu túmulo.
- Oswaldo Coimbra é escritor e jornalista