Moradores do bairro Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro, vêm usando canetas de laser verde para alertar motoristas sobre assaltantes nas principais vias, em uma tentativa de mitigar a violência crescente. A prática, documentada em vídeos que circulam nas redes sociais, mostra moradores marcando suspeitos para desestimular os ataques, principalmente ao longo da Avenida Salvador Allende, nas proximidades da Lagoa de Jacarepaguá.
À medida que a noite cai, os residentes observam as ruas de janelas e varandas, acompanhando as movimentações suspeitas. Em uma das gravações, um indivíduo que se aproximava de motoristas desiste do roubo ao ser identificado pelo laser e se esconde na parte menos iluminada da praia. Quando o laser não basta, moradores apelam para gritos como forma de alerta.
O cenário de insegurança se intensifica em horários de pico, especialmente no início da noite, quando o tráfego desacelera. Moradores relatam que assaltantes chegam a pular grades para acessar a pista e abordar veículos que aguardam no sinal. “Aumentou muito o assalto aqui, principalmente à noite. Na época do Rock in Rio era mais vigiado, mas agora o policiamento sumiu”, diz Ayres José de Oliveira, aposentado e morador da área.
A administradora de um dos condomínios da região, Sabrina Moraes, conta que o número de reclamações aumentou entre os condôminos, que frequentemente relatam assaltos tanto no trânsito quanto nas proximidades das estações do BRT. “Ficam esperando o sinal fechar para abordar os carros”, explica.
Para os que utilizam o transporte público, a situação é igualmente alarmante. Yasmin Rocha, atendente e usuária do BRT, relata que evita as áreas internas das estações devido à insegurança. “À noite, a segurança vai embora e a estação fica sozinha. Fico do lado de fora esperando o BRT, pronta para correr se for preciso”, relata.
A Polícia Militar afirma que o Batalhão do Recreio dos Bandeirantes (31º BPM), que atende a região, intensificou as patrulhas e lidera em números de prisões em flagrante, com uma média de 118 registros mensais. No entanto, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, apesar dos esforços, os números de roubos vêm crescendo: entre janeiro e setembro de 2024, foram registrados 811 casos, superando os 792 ocorridos no mesmo período de 2023.
Para o programa BRT Seguro, o patrulhamento das estações é feito 24 horas por dia, mas moradores e usuários clamam por maior presença policial nas áreas mais vulneráveis do bairro. “Aqui está largado mesmo. Precisamos de mais patrulhas e policiamento constante”, desabafa a motociclista Bárbara Couto.
Enquanto a luz das sirenes permanece ausente nas ruas do Recreio, são os lasers e os gritos de moradores que, todas as noites, tentam conter o avanço da criminalidade na região.
Com informações de G1 e CNN