O promotor militar, Armando Brasil, informou nesta sexta-feira (14), que vai determinar a abertura de inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da morte de Hideraldo Júnior Nunes, suspeito da prática de crime, ocorrida na semana passada, no município de Moju, na Região do Baixo Tocantins, Nordeste do Pará.
Segundo denúncia da tia do rapaz, Ellen Nunes, feita em rede social, ele foi preso, torturado e executado por policiais militares, há cerca de nove dias, depois de uma abordagem no Ramal da Congregação, naquele município. Hideraldo Nunes,também conhecido como “Gordo”, e “Juninho Pop”, era considerado foragido da justiça e tinha mandado de prisão preventiva em aberto.
Conforme a denúncia,o suspeito passou pedalando sua bicicleta no Ramal da Congregação, quando se deparou com três viaturas da Polícia Militar, que estavam fazendo o policiamento da área, sendo abordado pela última equipe.
A tia afirma na postagem que ele se entregou, colocando a mão na cabeça, pois estava com uma prisão preventiva decretada pela justiça. De acordo com ela, o sobrinho desceu da bicicleta e já foi alvejado com um tiro no peito, sendo em seguida colocado na viatura e levado para outro lugar, onde novamente foi torturado e levou mais cinco tiros. No total, foram de 6 tiros.
“Meu sobrinho morreu implorando pela vida, desarmado, sozinho. Pessoas que fizeram isso têm família, será que em nenhum momento imaginaram a dor que é perder alguém que amamos muito? A dor é tão grande que pensamos em desistir de tudo porque eles não acabaram somente com os sonhos dele, acabaram com nossos também”, publicou a tia do rapaz
Ela acrescentou na postagem que “ele tinha pai, mãe, irmãos, três filhos lindos e uma sobrinha e era carinhoso, atencioso e amoroso com eles e agora não temos mais nada” . E mandou um aviso para os policiais militares: “Chega de tanta crueldade, façam seus serviços, mas se orgulhem do que fazem, pois tirar a vida de um ser humano não poderia ser orgulho e nem comemorado por ninguém.”
Ao final da postagem, Ellen Nunes completa que não está dizendo que o sobrinho era santo, que não tinha seus pecados, pois “afinal somos todos seres humanos, temos pecados; quem não tem que atire primeira pedra.” E pede justiça.
A postagem teve grande repercussão em Moju, onde as pessoas demonstraram indignação e revolta pela ação dos policiais militares, pedindo o fim das arbitrariedades e da covardia. Um dos comentários acusa os militares de ainda terem roubado os pertences da vítima, como anel, cordão e relógio.
PM afirma que “Juninho Pop” era líder de facção e apontou arma para uma das guarnições
A versão da Polícia Militar para a morte de Hideraldo Júnior Nunes, o “Juninho Pop”, é de que ele reagiu a uma abordagem e foi morto durante um confronto.
Segundo a 8ª Companhia da Polícia Militar, o confronto ocorreu durante a operação “Moju Seguro”, por volta das 18 horas.
Os militares afirmaram que o suspeito tinha mandados de prisão em aberto por vários crimes, entre eles roubo de carga, roubo em residências e atentado a agentes de segurança pública. O rapaz também era apontado pela Polícia Militar como líder de uma facção criminosa e já era conhecido das autoridades policiais como autor de alguns assaltos a empresas da cidade.
Pela versão policial, “Juninho Pop” seguia de bicicleta pela área, quando não parou mesmo após a abordagem de quatro viaturas das que faziam parte da operação. Na frente da quinta guarnição, ele teria sacado uma arma de fogo.
Três militares atiraram no suspeito, que foi levado para a Unidade Mista de Saúde, mas chegou morto. Um revólver calibre 38 e quatro munições intactas, além da bicicleta do suspeito foram encaminhados para a Delegacia da Polícia Civil da cidade.